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Crise climática forçou 220 milhões de pessoas a fugirem de suas casas nos últimos 10 anos, diz Acnur

14/11/2024

Desastres relacionados à crise climática causaram 220 milhões de deslocamentos internos nos últimos dez anos, de acordo com o relatório mais completo sobre o tema feito pela Acnur (Agência das Nações Unidas para Refugiados) com organizações parceiras, lançado nesta terça-feira (12) na COP29, em Baku, Azerbaijão.
O número contabiliza todas as movimentações ocasionadas por eventos climáticos extremos dentro do mesmo país, incluindo remoções temporárias de pessoas. Trata-se de contagem diferente da OIM (Organização Internacional para as Migrações), que calcula o total de pessoas deslocadas ao final de cada ano.
A Acnur, que não adota o termo "refugiado climático", analisou pela primeira vez a relação entre a crise climática e o deslocamento de pessoas forçadas ou induzidas a fugir de suas casas —geralmente, devido a conflitos armados, situações de violência generalizada ou violações de direitos humanos.
Segundo o relatório, a mudança climática pode aumentar os deslocamentos internos, somar-se aos conflitos que levam as pessoas a procurarem outros países, além de piorar a qualidade já vulnerável de vida dos refugiados que atravessam fronteiras nacionais.
"É importante entender que lidar com a mudança climática não é apenas sobre proteger o planeta, é sobre garantir os direitos das pessoas, suas casas, vidas e futuros", diz Jana Birner, pesquisadora que liderou o relatório climático.
"Desastres relacionados ao clima podem prender deslocados internos e refugiados em ciclos de deslocamento contínuos e prolongados", afirma o relatório, que usou como exemplo as inundações que atingiram o Rio Grande do Sul no último mês de maio.
As chuvas no sul do Brasil causaram a morte de 181 pessoas, afetaram 2,3 milhões e causaram o deslocamento de 580 mil de suas casas, diz o documento. Entre os afetados, segundo a agência, estão 43 mil refugiados vulneráveis de Venezuela, Haiti e Cuba, que habitavam algumas das áreas mais impactadas por secas e inundações.
Em suma, aponta a Agência das Nações Unidas para Refugiados, pessoas que fogem de suas casas para sobreviver a situações de conflitos e violência podem ser forçadas a fugir novamente devido a inundações e outros eventos climáticos extremos.
Dos 120 milhões de pessoas deslocadas à força em todo o mundo, 90 milhões estão atualmente vivendo em países expostos a impactos climáticos altos ou extremos —ou seja, 3 em cada 4 refugiados estão sujeitos aos efeitos da crise climática.
Além disso, em 2023, 42 dos 45 países que relataram deslocamento interno por conflito também experimentaram o ocasionado por desastres, "o que mina a capacidade dos Estados de responder, fornecer proteção e investir em adaptação e resiliência", diz o relatório.
O estudo alerta que a crise climática afeta comunidades já vulneráveis, que costumam ser as menos responsáveis pela emissão de gases do efeito estufa. "Uma história de crescente injustiça", relata o alto comissariado.
Conforme Birner, porém, existem diversos fatores humanos na mudança climática, como problemas de governança, falta de adaptação climática e medidas de redução de desastres, além de pouco financiamento. "A mudança climática não acontece em um vácuo", diz.
Para 2040, a Acnur prevê uma escalada da exposição de populações a múltiplos perigos climáticos, particularmente nas Américas, na África Ocidental-Central e no Sudeste Asiático. Segundo o relatório, o número de países projetados para enfrentar perigos climáticos extremos deve aumentar de 3 (Bangladesh, Emirados Árabes Unidos e Omã) para 65, incluindo o Brasil e outras nações que abrigam refugiados.
O calor extremo também aumentará significativamente, diz o estudo, com a maioria dos assentamentos e campos de refugiados projetados para experimentar o dobro de dias de calor danoso até 2050.
A própria agência tem adaptado a forma como trabalha para tentar mitigar os efeitos, diz Birner. "Não podemos fazer o mesmo de sempre", afirma.
"Primeiro de tudo, continuamos trabalhando para que as pessoas sejam protegidas e recebam proteção internacional, se fugirem no contexto de mudanças climáticas e desastres, [...] mas para nós também é uma prioridade investir na resiliência climática e na adaptação das comunidades de refugiados."
Em Moçambique, por exemplo, a Acnur está tentando transformar o campo de refugiados de Nampula em uma vila verde localmente integrada, para que a comunidade consiga suportar os choques climáticos.

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