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Startups angariam milhões de dólares para projetos de bloquear a luz do sol

11/12/2025

Por apenas US$ 1, você pode escurecer o sol —só um pouquinho— para salvar o mundo das mudanças climáticas.
Pelo menos, essa é a promessa vendida por uma startup californiana chamada Make Sunsets. Seu dólar ajudará que Luke Iseman, fundador da empresa, dirija um trailer Winnebago até as colinas a meia hora de Saratoga, na Califórnia, para soltar um balão carregado com dióxido de enxofre, um poluente do ar normalmente expelido por erupções vulcânicas.
Ele e seus mil clientes pagantes esperam que o balão estoure na estratosfera, liberando partículas que bloquearão a luz solar e resfriarão o planeta.
As atividades de bloqueio solar de Iseman —que não são oficialmente aprovadas por nenhum governo na Terra, mas não são ilegais sob a lei da Califórnia— são um exemplo de uma tática controversa chamada geoengenharia solar.
Ela tem sido tema de muitas histórias de ficção científica e teorias da conspiração e de, pelo menos, um relatório de espionagem dos EUA alertando que poderia desencadear guerras no mundo real.
E agora está se tornando umaA Make Sunsets arrecadou mais de US$ 1 milhão de investidores e vendeu mais de US$ 100 mil em "créditos de resfriamento" para clientes este ano.
Um concorrente melhor financiado, a Stardust, arrecadou US$ 75 milhões para desenvolver um método de geoengenharia mais sofisticado que, segundo a companhia, estará pronto para lançamento até o final da década —embora seus fundadores prometam que não implantarão sua tecnologia a menos que um governo os contrate para fazê-lo.
As empresas provocaram debate sobre o papel que as empresas privadas deveriam desempenhar na manipulação do clima global. Os defensores dizem que as startups podem desenvolver uma tecnologia potencialmente transformadora mais rapidamente do que os cientistas universitários que avançam lentamente. Nos últimos anos, acadêmicos que estudam geoengenharia tentaram fazer testes básicos de equipamentos ao ar livre na Suécia e na Califórnia, mas enfrentaram resistência e cancelaram seus planos.
"Eles param. Eles desistem", disse Maex Ament, investidor da Stardust. "Se eu sou um empreendedor de coração, não, não existe ´vou desistir, próximo assunto´. Vou resolver esse problema, sem comprometer a segurança. É uma mentalidade diferente."
Os críticos dizem que empresas que buscam lucro não têm o direito de desenvolver uma tecnologia projetada para afetar todos na Terra, que pode ter consequências não intencionais para os padrões climáticos globais e poderia matar pessoas ao aumentar a poluição do ar e as taxas de câncer.
"Eu não confio no setor privado para tomar boas decisões para as pessoas", disse Shuchi Talati, fundadora da organização sem fins lucrativos Alliance for Just Deliberation on Solar Geoengineering. "Toda essa mentalidade de agir rápido e estragar coisas —eu já vi isso, e não tem sido particularmente bom para a sociedade."
A maioria dos governos não possui regulamentações específicas para geoengenharia —embora um conjunto de leis e tratados internacionais sobre poluição do ar e modificação do clima possa se aplicar.
Os estados americanos de Tennessee, Louisiana e Flórida proibiram a prática, e mais proibições foram propostas em 34 estados dos EUA, em nível federal e no México. A Agência de Proteção Ambiental disse que está investigando a Make Sunsets e "conduzindo uma revisão interna de quaisquer autoridades atuais que possam ser utilizadas para interromper essa atividade."
Enquanto isso, as empresas privadas de geoengenharia têm poucas regras a seguir.
"Os governos precisam ou proibir claramente tais atividades, ou precisam criar barreiras dentro das quais esses tipos de atividades possam acontecer", disse Janos Pasztor, ex-funcionário da ONU e chefe aposentado da Carnegie Climate Governance Initiative que trabalhou com questões de geoengenharia.
Muitas maneiras de desviar a luz solar da Terra para baixar as temperaturas já foram propistas, incluindo espalhar partículas reflexivas na estratosfera, tornar as nuvens mais brilhantes e lançar enormes espelhos espaciais em órbita.
Esses métodos supostamente são mais baratos e rápidos do que reconfigurar o mundo para funcionar com energia limpa e remover toneladas de dióxido de carbono do ar, e muito mais baratos do que o custo de uma catástrofe climática. Reduzir pela metade a taxa de aquecimento global por 15 anos, pulverizando a estratosfera com dióxido de enxofre, custaria cerca de US$ 2,25 bilhões por ano, de acordo com uma estimativa de 2018 de pesquisadores de Yale e Harvard.
Teoricamente, bilionários independentes poderiam arcar com o custo de, pelo menos, começar a mudar o clima por conta própria. Essa é a premissa do romance de ficção científica "Termination Shock", que inspirou Iseman a fundar a Make Sunsets em 2022.
No livro, isso não termina bem. Mas, se você é um bilionário e gostaria de colocar muito enxofre na estratosfera sem consultar ninguém, Iseman disse que ficaria feliz em ajudar.
"Estou ficando arrepiado só de pensar em como isso seria incrível", disse ele. "Se todos os países do mundo proibirem isso, e um bilionário vier até mim e disser: ´Aqui está um barco com uma bandeira de conveniência que não vai fazer cumprir essa proibição... Quero levar o crédito se as pessoas gostarem e ter negação plausível se não gostarem, Vá.´ Sabe, não consigo pensar em uma maneira melhor de passar os próximos anos."

Termine de ler esta reportagem clicando na Folha de S. Paulo

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