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Na Ásia, ciclones e chuvas que deixaram 1.800 mortos tiveram impulso do aquecimento global

11/12/2025

Ciclones e chuvas intensas não são novidade no sudeste asiático. A última monção, no entanto, matou quase 1.800 pessoas, deixou centenas de desaparecidos e provocou uma nova crise humanitária nos países que atingiu. A mudança climática fez o seu papel ao intensificar o fenômeno.
A conclusão é de um estudo rápido de atribuição do World Weather Attribution (WWA), iniciativa de cientistas capitaneada pelo Imperial College, de Londres, que procura identificar a responsabilidade do aquecimento global provocado sobretudo pela queima de combustíveis fósseis em eventos climáticos extremos.
As inundações que atingiram a ilha de Sumatra, na Indonésia, a Malásia, o sul da Tailândia e o Sri Lanka, no fim de novembro, provocaram o maior número de mortos na região desde o tsunami de 2004, que matou 227 mil pessoas.
O epicentro do terremoto que provocou as ondas gigantes há duas décadas se deu em Aceh, justamente uma das localidades mais afetadas agora pelo temporal de quase uma semana, que provocou deslizamentos de terras, destruição de comunidades e um número ainda não fechado de vítimas.
No Sri Lanka, segundo Lalith Rajapakse, professor da Universidade de Moratuwa, o volume de chuva no país variou de 400 a 500 mm diários, proporção semelhante à verificada nas inundações de São Sebastião, no litoral de São Paulo, em 2023.
"Diferentemente de outros eventos, desta vez o ciclone cresceu de maneira lenta sobre o oceano Ìndico, reunindo muita umidade condensada." Toda essa umidade virou chuva torrencial quando o ciclone Ditwah encontrou a terra no país insular. "A lentidão do sistema enganou os serviços de alerta", afirmou o professor.
Dias antes, o ciclone Senyar havia varrido a ilha de Sumatra, na Indonésia, que já computa quase mil mortes. Nos dois locais, urbanismo desordenado, desmatamento e a falta de infraestrutura em áreas alagáveis aumentaram o estrago, em um exemplo de como a adaptação à mudança climática é mais severa sobre populações pobres e vulneráveis.
Segundo Mariam Zachariah, pesquisadora do Centro de Política do Imperial College, os eventos registrados no Sri Lanka e no estreito de Malacca, entre a ilha de Sumatra e a península da Malásia, foram raros.
Em termos estatísticos, algo que ocorre uma vez a cada 70 anos, no caso do Senyar, e uma vez a cada 30 anos, no caso do Ditwah. "Esses episódios ilustram como as mudanças climáticas e a natureza podem se alinhar para produzir chuvas intensas excepcionais."
Segundo a especialista, os modelos climáticos usados para avaliar os dois sistemas apontaram para tendência de aumento na frequência de chuvas intensas nas últimas décadas: na Indonésia, de 9% a 50%, e no Sri Lanka, de 28% a 160%. "Usamos quatro modelos, são os números que eles trazem, porém o mais importante é a direção que indicam", disse Zachariah, quando questionada sobre a larga margem de variação.
Os modelos climáticos, que ensaiam o comportamento dos fenômenos com diferentes graus de aquecimento provocado pela atividade humana, apresentam diferentes desempenhos de acordo com a região geográfica estudada.
"Não é um caso único. Ocorre com bastante frequência quando se observa pequenas ilhas, em que a dinâmica do clima é mais complexa."
Mesmo quando considerados o peso de fenômenos naturais como El Niño e o dipolo do oceano Índico (oscilação irregular da temperatura da superfície do mar), a influência da mudança do clima na frequência e intensidade das chuvas é evidente, diz Zachariah. "Só não conseguimos estimar o tamanho dela desta vez."
De acordo com as primeiras estimativas, só o Sri Lanka precisaria de US$ 7 bilhões para reconstrução do país. Em crise econômica, a pior em décadas, tem um quarto da população de 22 milhões em extrema pobreza e recebeu neste ano um empréstimo do FMI de US$ 2,9 bilhões. Um em cada dez habitantes foi afetado pelas inundações.
"O ciclone Ditwah atingiu regiões já enfraquecidas por anos de dificuldades econômicas", afirmou Azusa Kubota, representante local do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
Um desafio de reconstrução que precisa ser bem conduzido para prevenir ou ao menos minimizar as próximas catástrofes, como lembrou Maja Vahlberg, conselheira técnica da Cruz Vermelha.
Áreas de risco tem que ser evitadas, e florestas e áreas alagáveis, reconstituídas para diminuir a velocidade da água nas próximas enchentes. Um claro processo de adaptação à crise climática.
"Infelizmente, são as pessoas mais vulneráveis que sofrem os piores impactos e têm o caminho mais longo para a recuperação."

Fonte: Folha de S. Paulo

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