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Mudar DNA de espécies se torna alternativa contra risco de extinção

18/04/2024

Por dezenas de milhões de anos, a Austrália tem sido um playground para a evolução, e o local reivindica algumas das criaturas mais notáveis da Terra.
É o berço dos pássaros canoros, a terra dos mamíferos que põem ovos e a capital mundial dos marsupiais que carregam bolsa, um grupo que engloba muito mais do que apenas coalas e cangurus. Quase metade das aves do continente e cerca de 90% de seus mamíferos, répteis e anfíbios não são encontrados em nenhum outro lugar do planeta.
A Austrália também se tornou um estudo de caso sobre o que acontece quando as pessoas levam a biodiversidade ao limite. A degradação do habitat, espécies invasoras, doenças infecciosas e mudanças climáticas puseram muitos animais nativos em perigo e deram ao país uma das piores taxas de perda de espécies do mundo.
Em alguns casos, os cientistas dizem que a única maneira de proteger os animais é mudá-los. Usando uma variedade de técnicas, incluindo cruzamento e edição de genes, pesquisadores estão alterando os genomas de espécies vulneráveis, esperando equipá-las com as características necessárias para sobreviver.
"Estamos analisando como podemos auxiliar na evolução", disse Anthony Waddle, biólogo da conservação na Universidade Macquarie, em Sydney.
É um conceito audacioso, que desafia um impulso fundamental da conservação de preservar as criaturas selvagens como são. Mas nessa era dominada pelo ser humano —na qual a Austrália está na vanguarda de uma crise global de biodiversidade— o manual tradicional de conservação pode não ser mais suficiente, afirmam alguns cientistas.
"Estamos buscando soluções em um mundo alterado", disse Dan Harley, ecologista sênior da Zoos Victoria. "Precisamos correr riscos, ser mais ousados."
O Lichenostomus melanops cassidix é um pássaro que exige ser notado, com uma mancha de penas amarelas elétricas na testa e o hábito de grasnar alto enquanto voa pelas densas florestas de pântano do estado de Victoria. Mas, ao longo dos últimos séculos, os humanos e os incêndios danificaram ou destruíram essas florestas e até 1989 apenas 50 restavam, agarrados a uma pequena faixa de pântano na Reserva de Conservação da Natureza de Yellingbo.
Esforços de conservação local, incluindo um programa de reprodução em cativeiro no Santuário de Healesville, um parque da Zoos Victoria, ajudaram as aves a sobreviver. Mas havia pouca diversidade genética entre as aves restantes —um problema comum em populações de animais ameaçados— e a reprodução inevitavelmente significava endogamia. "Eles têm pouquíssimas opções para tomar boas decisões de acasalamento", disse Paul Sunnucks, geneticista da vida selvagem na Universidade Monash em Melbourne.
Em qualquer grupo de reprodução pequeno e fechado, mutações genéticas prejudiciais podem se acumular ao longo do tempo, prejudicando a saúde e o sucesso reprodutivo dos animais, e a endogamia agrava o problema. O Lichenostomus melanops cassidix era um caso extremo. As aves mais endogâmicas deixavam um décimo da prole das menos endogâmicas, e as fêmeas tinham uma expectativa de vida que era a metade, descobriram Sunnucks e seus colegas.
Sem algum tipo de intervenção, o Lichenostomus melanops cassidix poderia ser puxado para um "vórtice de extinção", disse Alexandra Pavlova, ecologista evolutiva da Monash. "Ficou claro que algo novo precisa ser feito."
Há uma década, Pavlova, Sunnucks e vários outros especialistas sugeriram uma intervenção conhecida como resgate genético, propondo adicionar alguns Lichenostomus melanops gippslandicus e seu DNA fresco ao grupo de reprodução.
Cruzar as duas subespécies poderia confundir o que tornava cada subespécie única e criar híbridos que não se adequassem bem a nenhum nicho. Mover animais entre populações também pode espalhar doenças, criar novas populações invasoras ou desestabilizar ecossistemas de maneiras imprevisíveis.
O resgate genético também é uma forma de intervenção humana ativa que viola o que alguns estudiosos se referem como o "ethos de restrição" da conservação e às vezes é criticado como uma forma de brincar de Deus.

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