
09/12/2025
A região árabe está sendo levada ao limite por ondas de calor intensas e secas severas, constata o mais recente relatório da OMM (Organização Meteorológica Mundial), enquanto aquece duas vezes mais rápido que a média global.
O estudo aponta que eventos extremos em 2024 afetaram 3,8 milhões de pessoas e levaram a mais de 300 mortes, principalmente devido a ondas de calor e inundações. Este é o primeiro relatório do tipo compilado por agências da ONU (Organização das Nações Unidas), incluindo a Liga dos Estados Árabes.
A região que abrange 22 países —estendendo-se da península Arábica e do Levante até o norte da África e a Somália— experimentou um aumento médio de temperatura próximo à superfície de 1,08°C acima da média de 1991-2020 e de 1,94°C acima da linha de base de 1961-1990.
A secretária-geral da OMM, Celeste Saulo, disse que ondas de calor intensas, nas quais as temperaturas atingiram 50°C em alguns países árabes, estão "levando a sociedade ao limite".
"A saúde humana, os ecossistemas e as economias não conseguem lidar com períodos prolongados de mais de 50°C —é simplesmente quente demais para suportar", afirmou.
A frequência e a gravidade de eventos climáticos e meteorológicos extremos aumentaram significativamente nos últimos anos, destacou a OMM, com um aumento de 83% nos desastres registrados entre o período de 1980-1999 e 2000-2019.
A pesquisa surge semanas após uma forte resistência do grupo árabe de 22 países liderado pela Arábia Saudita à ação climática, incluindo planos para reduzir o uso de combustíveis fósseis nas economias durante a COP30, a conferência da ONU sobre mudanças climáticas realizada em Belém.
A queima de combustíveis fósseis é a principal causa da mudança climática induzida pelo homem, mas muitos produtores de petróleo na região ainda dependem fortemente das exportações para financiar suas economias —apesar de alguns começarem a implementar projetos de energia solar e eólica.
O ano passado foi o mais quente já registrado globalmente, e espera-se que este ano esteja entre os três mais quentes, apesar do efeito de resfriamento do La Niña, que ocorre naturalmente no oceano Pacífico.
A OMM disse esta semana que há 55% de chance de um La Niña fraco afetar os padrões climáticos e meteorológicos nos próximos três meses.
No mês passado, o escritório de meteorologia da Austrália disse que as últimas indicações sugeriam que o La Niña estava em andamento novamente, tendo ocorrido inicialmente no início de 2025 antes de retornar às condições neutras.
O relatório da OMM alerta que as condições de seca na região árabe estão piorando, particularmente na porção oeste do norte da África, após seis temporadas consecutivas de chuvas fracassadas. Quinze dos países com maior escassez de água do mundo estão localizados na área.
Ao mesmo tempo, Arábia Saudita, Bahrein e Emirados Árabes Unidos foram atingidos por chuvas extremas e inundações repentinas que causaram morte e destruição.
Rola Dashti, secretária-executiva da Comissão Econômica e Social das Nações Unidas para a Ásia Ocidental, disse que a diminuição das chuvas "afeta a escassez de água e coloca em risco a produção de alimentos", enquanto "o aumento do nível do mar também ameaça as cidades costeiras".
A região enfrenta uma multiplicidade de pressões, dizem os cientistas. Francesco Paparella, diretor do Centro Árabe Mubadala para Ciências Climáticas e Ambientais da Universidade de Nova York em Abu Dhabi, destacou que o aquecimento do mar do Golfo também está causando maior umidade.
Isso está levando a "maior estresse térmico para as pessoas que vivem nas cidades costeiras do Golfo", ao mesmo tempo em que aumenta "a força e a precipitação das tempestades".
No entanto, "é a tecnologia que torna um lugar habitável ou não habitável", acrescentou Paparella. Para as nações do Golfo, "é muito importante manter um nível de afluência, tecnologia e disponibilidade de energia que torne possível o resfriamento de ar generalizado".
Fonte: Folha de S. Paulo
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