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70% de amostras de frutos do mar na costa do Brasil têm microplásticos

25/11/2025

A presença de resíduos plásticos vem se configurando, nas últimas décadas, como um problema global e urgente. Além de se acumular em diversos ecossistemas e apresentar elevada durabilidade e alta fragmentação, o principal item que compõe o lixo marinho da atualidade transforma-se facilmente em partículas menores que 5 milímetros, os microplásticos, que são ingeridas por animais marinhos e voltam aos seres humanos pela cadeia alimentar.
Para dimensionar o problema, o Instituto Voz dos Oceanos, em parceria com a Cátedra UNESCO para a Sustentabilidade do Oceano e o Centro de Referência para Quantificação e Tipificação do Lixo do Mar (CeLMar – CNPq) da Universidade de São Paulo (USP), realizou o primeiro estudo científico que identifica a contaminação por microplásticos em bivalves (mexilhões, ostras e sururus) amplamente comercializados e consumidos na costa brasileira.
As amostras para a pesquisa foram coletadas entre maio e julho de 2024, durante a primeira expedição científica da Voz dos Oceanos com uma tripulação exclusivamente feminina, composta pelas biólogas marinhas Marília Nagata e Jessyca Lopes, a oceanógrafa Katharina Grisotti e a jornalista-documentarista Thamys Trindade, que percorreu 14 dos 17 estados costeiros do Brasil (SC, PR, SP, RJ, ES, BA, SE, AL, PE, PB, RN, CE, MA e PA).
As amostras coletadas foram direcionadas a laboratório específico no Instituto Oceanográfico da USP. A expedição e a parceria com a Voz dos Oceanos motivaram a Shimadzu a entrar nessa parceria com o fornecimento do equipamento de microscopia, infravermelho e raman – AIRsight, avaliado em aproximadamente R$ 1 milhão – um legado da iniciativa liderada pela Família Schurmann. No CeLMar – CNPq, essas amostras foram analisadas sob a coordenação do professor Alexander Turra, garantindo rigor científico da pesquisa, que revela dados preocupantes: 100% das localidades possuem animais com microplástico e 70% dos animais analisados contêm resíduos de microplástico.
Outro indicador que se destaca no levantamento é a concentração de partículas encontradas nos moluscos. As maiores concentrações, estimadas em 5 partículas por grama de alimento, foram registradas nas cidades de Recife (PE) e Fortaleza (CE). Já nas cidades de Santos (SP), Aracaju (SE) e Maceió (AL) foram registradas amostras com 3 a 4 partículas de microplástico por grama de alimento. As menores concentrações, abaixo de 0,5 partícula por grama de alimento, foram registradas em Itajaí (SC), Paranaguá (PR), São Sebastião (SP), Angra dos Reis (RJ), Vitória (ES) e Natal (RN).
“Quando falamos de dados de concentração de microplástico, a Europa ainda lidera em contaminação de microplásticos, mas algumas cidades brasileiras se aproximam bastante dos números europeus, como Recife e Fortaleza, e outras já apresentam concentrações acima da média global, como Maceió, Santos e Aracaju. Esses dados reforçam a necessidade de mais pesquisas e estudos sobre o tema no Brasil, visto que algumas nas nossas cidades litorâneas já estão bem próximas dos níveis mundiais”, destaca Marília Nagata, pesquisadora do Instituto Oceanográfico da USP e condutora responsável pela pesquisa.
A pesquisa identificou pelo menos 14 polímeros diferentes, com predominância de EVA, polietileno, poliéster e PVC. Em relação às partículas, cerca de 85% dos microplásticos vinham de fragmentos de plástico, comprovando que o que se encontra nos animais hoje é fruto de uma contaminação antiga, decorrente da degradação de itens plásticos que permanecem décadas no meio ambiente. Além disso, em cidades como João Pessoa (PB), Recife (PE), Caravelas (BA), Vitória (ES), São Sebastião (SP) e Paranaguá (PR), fibras plásticas foram encontradas em mais de 50% das amostras, indicando contribuição importante da lavagem de roupas sintéticas ou degradação de apetrechos de pesca, como linhas e cabos, abandonados no oceano.
“O estudo revela um problema crônico e abrangente. De todos os microplásticos encontrados na pesquisa, grande parte é representada por fragmentos gerados a partir de outros artigos plásticos maiores lançados nos rios e nos mares há muito tempo. Isso significa que, se não pararmos de jogar lixo nos mares agora, continuaremos aumentando essa quantidade e potencializando o risco de consumo desses resíduos pelos humanos”, avalia Alexander Turra, professor da USP.

Leia a reportagem na íntegra clicando no CicloVivo

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