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Brasil lança fundo para remunerar quem preserva florestas

11/11/2025

Acaba de ser lançado oficialmente o Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF na sigla em inglês). O anúncio foi feito pelo presidente Lula durante um almoço oficial na Cúpula do Clima, que reúne chefes de Estado de mais de 70 países em Belém. O fundo proposto pelo Brasil busca remunerar países que conservam suas florestas.
Ter um financiamento de longo prazo para que os países mantenham suas florestas tropicais nativas conservadas, englobando investimento público e privado, com retorno financeiro garantido aos investidores é o que propõe o TFFF. Segundo a proposta, povos indígenas e comunidades locais podem receber pelo menos 20% dos pagamentos -, garantindo autonomia e continuidade, independentemente de mudanças de governo.
Em discurso, Lula ressaltou que o TFFF não é baseado em doação. “Investimentos soberanos de países desenvolvidos e em desenvolvimento vão alavancar um fundo de capital misto. O portfólio vai se diversificar em ações e títulos. Os lucros gerados serão repartidos entre os países de florestas tropicais e os investidores. Os recursos irão diretamente para os governos nacionais, que poderão garantir programas soberanos de longo prazo”, afirmou. “Um quinto dos recursos poderá ser destinado aos povos indígenas e comunidades locais. Cuidar dos seringueiros, extrativistas, mulheres e povos indígenas, é cuidar das florestas”, completou.
O Brasil estabeleceu uma meta de capitalização de US$ 125 bilhões para o TFFF, sendo cerca de US$ 25 bilhões em recursos públicos. Em setembro, o país já havia anunciado o primeiro investimento ao fundo: 1 bilhão de dólares.
Após o anúncio oficial ontem, mais três países se juntaram com investimentos. A Indonésia anunciou US$ 1 bilhão, Noruega e França anunciaram, respectivamente, US$ 3 bilhões e US$ 500 milhões, os dois últimos estão entre os países investidores que não têm florestas tropicais.
No total, o TFFF já conta com endosso de 53 países. O objetivo agora é garantir, até o fim da COP, compromissos que demonstrem interesse concreto dos países, seja com valores definidos ou com apoio político.
As expectativas são altas e os feitos até o momento foram celebrados pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que afirmou já ter alcançado 50% do que era previsto para o fundo até 2026. “Se cada país do G20 aportar o equivalente ao que o Brasil está comprometendo, fechamos a conta. Estou muito animado”, disse em coletiva de imprensa. Com a aprovação da isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5.000 mensais, na última quarta-feira (5/11), o ministro está de vento em popa.
Também em coletiva, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, compartilhou a satisfação da consolidação do fundo. “Queríamos o TFFF operacional já nesta COP. Foi um trabalho intenso e a viabilização dos recursos é uma grata surpresa”, afirmou. “Achávamos que a estrutura para receber aportes não estaria pronta, mas conseguimos, com apoio técnico e do Banco Mundial”, complementou.
A ministra ainda ressaltou os ganhos potenciais do ponto de vista ambiental: “reduz emissões, protege modos de vida indígenas e responde à demanda dos países desenvolvidos por mecanismos mistos.”
Outros potenciais investidores incluem Alemanha, Armênia, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, China, Dinamarca, Emirados Árabes Unidos, Finlândia, Irlanda, Japão, Mônaco, Países Baixos, Portugal, Reino Unido, Suécia, além da União Europeia.
A reação de organizações ambientais, em geral, também foi positiva. Mesmo salientando que muitos detalhes precisam ser aprimorados, as ONGs reconhecem, sobretudo, a importância de garantir aporte financeiro a populações que vivem na e da floresta, sendo considerados os verdadeiros guardiões da natureza.
Jennifer Morris, Chief Executive Officer da The Nature Conservancy Global, está confiante no mecanismo apresentado pelo Brasil. “As florestas tropicais estão na linha de frente da luta climática, mas os esforços anteriores para deter seu declínio ficaram aquém. A ambição sem precedentes do TFFF, seu mecanismo inovador e o apoio direto a comunidades indígenas, tradicionais e locais vão mudar esse cenário — garantindo o financiamento necessário para enfrentar esse problema em uma escala significativa”, afirmou. Para Jennifer, Belém pode “conquistar um lugar na história das COPs ao impulsionar os esforços de conservação das florestas por gerações futuras”.
Para Mirela Sandrini, diretora executiva do WRI Brasil, o Fundo terá êxito apenas se realmente beneficiar aqueles que mais dependem das florestas para seu sustento. “A sua operação precisa ser à prova de falhas — com supervisão transparente e priorizando a proteção das florestas tropicais intactas, ao mesmo tempo em que envolve genuinamente os Povos Indígenas e as comunidades locais”. Mirela também acredita que o TFFF deve lidar com a degradação, uma vez que “quando as florestas são impactadas pela extração de madeira, mineração ou construção de estradas, proteger uma área apenas desloca a destruição para outra. Sem essa precisão, o fundo corre o risco de se tornar apenas mais uma promessa bem-intencionada, e não um verdadeiro avanço.”
Para o Greenpeace, o TFFF é um passo importante para acabar com o desmatamento. A organização afirma que a alocação direta obrigatória de ao menos 20% para povos indígenas e comunidades locais “estabelece um precedente importante, inclusive para as negociações de financiamento da COP30, e endereça uma grande lacuna do financiamento ambiental e climático”.
O encontro de líderes segue até esta sexta-feira (7), onde será debatido às metas climáticas e à implementação dos compromissos assumidos. A COP30 tem início no próximo dia 10 e segue até 21 de novembro.

Fonte: CicloVivo

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