
01/07/2025
A Câmara Municipal de Paulicéia (SP) solicitou a intervenção de órgãos ambientais para verificar e fiscalizar a Estação de Piscicultura da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), que funcionava como laboratório de alevinos, mas se encontra desativada há mais de uma década, em Castilho (SP).
Um ofício datado em 6 de junho foi enviado ao Ministério Público do Estado de São Paulo (MPE-SP), ao Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPE-MS), ao Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), à Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo (Semil-SP).
Conforme o Poder Legislativo, a estação não realiza a soltura de alevinos há pelo menos 12 anos e não existe nenhum tipo de informação a respeito do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) nem, tampouco, do Relatório de Impacto Ambiental (Rima) sobre a quantidade de peixes no Rio Paraná.
Municípios como Paulicéia, que estão à beira do rio, sofrem com os impactos diretamente, segundo a Câmara, pela não realização dos trabalhos da Cesp, considerando que a maior geração de renda e o que gira a economia local são as atividades relacionadas ao rio, oriundas do turismo, como a pesca tanto esportiva como profissional.
O trecho fica na área de influência do reservatório formado no Rio Paraná pela Usina Hidrelétrica de Porto Primavera, em Rosana (SP).
O pescador profissional Alcebiades Souza Filho, de 58 anos, de Paulicéia, explicou ao g1 que espécies nativas da Bacia do Rio Paraná quase não existem mais, o que prejudica as pessoas que vivem da pesca na região .
“As espécies que mais pescávamos aqui antigamente, e que hoje não existem mais, eram mandi (Pimelodus pohli), armal (Pterodoras granulosus), curimba (Prochilodus lineatus) e pintado (Pseudoplatystoma corruscans)”, contou o pescador.
Souza Filho disse que ele e outros trabalhadores sobrevivem com o que restou das espécies naturais do rio e de outras exóticas que apareceram, causando uma deterioração do ecossistema nativo.
“Na verdade, as espécies nativas têm muito pouco, o que está tendo hoje, eu estou sobrevivendo mais do piau-banana (Hemiodus semitaeniatus), da corvina (Argyrosomus regius) e do porquinho (Geophagus proximus), mas é peixe nativo, piauçu (Leporinus macrocephalus), que agora começou a aparecer um pouco, mas não é aquela quantidade que tinha antigamente, está bem pouco ainda, bem escasso”, completou Souza Filho.
O pescador afirmou também que várias espécies de piranhas estão se reproduzindo de forma descontrolada na bacia do rio, o que atrapalha as atividades, pois o animal mata os peixes que seriam a fonte de renda da população.
“Como se tornou um lago, não adianta nem tentar pegar peixes grandes, pois, se colocar uma isca viva no espinhel, a piranha come tudo, não chega no fundo, e muitas espécies estão escassas realmente, como a jurupoca (Hemisorubim platyrhynchos). Você nem vê falar mais em jurupoca na nossa região. Piau-três-pintas (Leporinus friderici) desapareceu boa parte, curimba tem muito pouco. A bicuda (Boulengerella maculata) também você não acha mais”, disse Souza Filho ao g1.
A piranha-amarela (Serrasalmus maculatus) é natural da Bacia do Rio Paraná, porém, a espécie invasora, a piranha-branca (Serrasalmus marginatus), vivia em pequenos cardumes nas profundezas dos rios, mas se tornou mais abundante após a construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, que destruiu a barreira natural na parte superior do rio.
“A piranha tomou conta do nosso rio. E nós não temos mais [alevinos], você vê que é muito difícil aparecer juvenis de peixes aqui”, salientou Souza Filho.
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