12/11/2024
Há uma série de maneiras de salvar espécies em declínio e restaurar seus habitats para que possam viver em segurança. Em condições saudáveis, habitats ricos em biodiversidade podem reabastecer nossa água, ar e solo e reduzir o risco de doenças contagiosas perigosas.
Um importante estudo revelou neste ano que os esforços de conservação são geralmente eficazes na redução da perda de biodiversidade global.
Pesquisadores internacionais passaram 10 anos avaliando medidas de conservação, incluindo o estabelecimento de áreas protegidas, a restauração de habitats e a erradicação de espécies invasoras.
Eles descobriram que, na maioria dos casos (66%), essas medidas melhoraram o estado da biodiversidade ou reduziram seu declínio.
A necessidade de projetos de conservação como estes é cada vez mais urgente. Há dois anos, líderes de mais de 100 países aderiram ao mais ambicioso esforço internacional para salvar a natureza a nível mundial: proteger 30% das terras e oceanos do mundo até 2030.
Até o momento, o mundo está muito longe de alcançar a meta global na proteção da biodiversidade: apenas 17% das terras e 8% dos oceanos estão sob alguma forma de proteção designada, de acordo com a organização The Nature Conservancy (TNC) — embora a área em que a proteção é aplicada efetivamente seja provavelmente menor.
A seguir, a BBC Future Planet apresenta cinco maneiras comprovadas de restaurar a biodiversidade e preservar a natureza.
1. Proteger nossos oceanos
Cobrindo 70% do nosso planeta e representando mais de 95% da biosfera, os oceanos contêm uma riqueza de biodiversidade. Mas apenas 2,8% dos oceanos do mundo são efetivamente protegidos — e somente 8,3% são conservados, de acordo com um relatório recente da Bloomberg Ocean Initiative.
As Áreas Marinhas Protegidas (AMP), se aplicadas adequadamente, podem se tornar refúgios cruciais para a biodiversidade, protegendo inúmeras espécies da pesca predatória, da poluição e da destruição do habitat. Os países que estabeleceram AMP apresentaram grandes ganhos em termos de biodiversidade.
As Ilhas Seychelles, um arquipélago de 115 ilhas no Oceano Índico, por exemplo, testemunharam um grande retorno das baleias depois que assinaram um acordo de swap da dívida por natureza — na prática, o país teve quase US$ 22 milhões da sua dívida pública anulada em troca da criação de 13 AMP.
Os cientistas descreveram o retorno das baleias azuis ao Oceano Índico como uma "vitória de conservação" depois que sua população foi dizimada pela frota baleeira soviética na década de 1960.
Os Açores criaram a maior AMP do Atlântico Norte em outubro deste ano — ela abrange 287 mil km² e protege 30% do mar que circunda o arquipélago português.
A primeira AMP de Portugal foi projetada por pescadores locais que estavam ansiosos para proteger as populações de polvo e sardinha no Algarve.
Abrangendo 156 km² de mar, com uma zona interditada à pesca de 20 km², a área ofereceu à natureza a chance de se reabastecer — e garantir que fontes vitais de alimentos estejam disponíveis por muito tempo no futuro.
“Durante séculos, os açorianos estiveram conectados ao mar e queremos garantir que esse vínculo permaneça forte, apoiando as comunidades que dependem de um oceano saudável", diz Luis Bernardo Brito e Abreu, conselheiro do governo dos Açores.
"A nossa esperança é que a nossa ação não só beneficie a nossa população e a vida selvagem nos Açores, mas inspire o resto do mundo a cumprir os seus compromissos globais de proteger 30% dos oceanos."
2. Combater espécies invasoras
As espécies invasoras podem causar estragos nos ecossistemas e na vida selvagem. Elas custam à economia global mais de US$ 423 bilhões todos os anos — e foram identificadas como um dos principais impulsionadores da perda de biodiversidade global.
Desde 1500, a introdução de espécies invasoras levou a 25% das extinções de plantas e 33% das extinções de animais.
A remoção destas espécies dos habitats é fundamental para conter a perda de biodiversidade. Mas isso está se tornando cada vez mais difícil, uma vez que as mudanças climáticas estão fazendo com que as pragas se espalhem, ampliando seu alcance para novos habitats que antes eram muito frios.
Os remadores e windsurfistas olímpicos também começaram a aumentar a consciencialização sobre a ameaça ambiental que os invasores representam, removendo a fauna e a flora destrutivas dos seus barcos e pranchas.
Enquanto isso, chefs dos EUA e do Reino Unido estão servindo esquilo, knotweed japonês e lagostim. É improvável que cozinhar com pragas prolíficas as erradique, mas pode educar a população sobre os perigos das espécies invasoras, dizem os chefs.
Porém, em alguns casos, a erradicação total é possível. A ilha tropical de Palmyra, no Oceano Pacífico Central, conseguiu se livrar de todos os 20 mil ratos que dominavam o atol (uma densidade populacional 10 vezes maior do que em climas mais frios) em 2011.
A natureza se recuperou após a erradicação, as árvores nativas ganharam terreno e duas novas espécies de caranguejos foram observadas nas ilhas pela primeira vez.
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