18/04/2024
A Grande Barreira de Corais da Austrália sofre o que pode ser o mais grave branqueamento já registrado e 73% dos recifes estudados apresentam danos, informaram as autoridades do país, nesta quarta-feira (17).
Avaliações aéreas efetuadas pelos cientistas mostram que cerca de 730 dos mais de 1.000 recifes que compõem a Grande Barreira perderam cor, segundo as autoridades do governo australiano.
"Os impactos acumulados experimentados ao longo do recife neste verão foram mais severos do que em verões anteriores", indicou a Autoridade do Parque Marinho em um comunicado, no qual alerta que o verão de 2023-2024 foi o segundo mais quente já registrado na região.
Considerada o maior organismo vivo da Terra, a Grande Barreira de Corais tem 2.300 km de extensão e abriga uma enorme biodiversidade, incluindo mais de 600 tipos de coral e 1.625 espécies de peixes.
Este é o quinto branqueamento em massa dos recifes da Grande Barreira nos últimos oito anos.
O fenômeno é causado por altas temperaturas oceânicas por um período de tempo prolongado. O calor faz com que o coral expulse uma alga microscópica chamada zooxantela, com a qual vive em simbiose. Caso o calor persista, o coral perde cor e, sem os nutrientes fornecidos pelas algas, adoece e pode morrer.
O comunicado do governo australiano vem após uma série de alertas. No início de março, a Noaa (agência atmosférica e oceânica americana) emitiu comunicado de que o planeta estava prestes a ter um evento mundial de branqueamento em massa, o que foi confirmado nesta semana pela agência.
Esta é a quarta vez em que um evento de branqueamento massivo de dimensão global é registrado e espera-se que afete mais recifes do que qualquer outro.
Cada um dos três eventos globais de branqueamento passados foi pior que o anterior, segundo o jornal The New York Times. Durante o primeiro, em 1998, 20% das áreas de recifes do mundo sofreram estresse térmico de branqueamento. Em 2010, foram 35%. O terceiro ocorreu de 2014 a 2017 e afetou 56% dos recifes.
Pesquisadores brasileiros também identificaram branqueamento em massa ao longo da costa nordeste do país ao longo último mês.
O cientista-chefe da Autoridade do Parque Marinho, Roger Beeden, afirmou que a mudança climática representa a maior ameaça aos recifes de corais no mundo. "A Grande Barreira de Corais é um ecossistema incrível e, embora tenha mostrado resiliência uma e outra vez, este verão foi particularmente difícil", disse.
Richard Leck, diretor da divisão de oceanos da organização ambientalista WWF Austrália, disse à AFP que o branqueamento afetou uma extensão "sem precedentes" do recife, em particular em áreas que anteriormente haviam escapado de outros períodos de branqueamento em massa.
"Este é o pior episódio que o recife do sul [do parque marinho] já sofreu", disse.
Jornalistas da AFP visitaram este mês uma das áreas mais impactadas da Grande Barreira de Corais. A ilha do Lagarto, no extremo nordeste da Austrália, que geralmente é repleta de vida, parecia um cemitério.
A bióloga marinha Anne Hoggett, que viveu e trabalhou por 33 anos no local, conta que na sua primeira visita à ilha o branqueamento dos corais ocorria mais ou menos a cada década.
Agora, ele acontece a cada ano, afirmou, e cerca de 80% dos corais do gênero acropora existentes na região estão sofrendo com o branqueamento neste verão. "Ainda não sabemos se já sofreram danos demais para se recuperarem ou não", disse Hoggett.
Leck, da WWF, afirmou que é necessário aguardar alguns meses para determinar qual será a taxa de mortalidade dos corais.
O país investiu cerca de 5 bilhões de dólares australianos (pouco mais de R$ 16 bilhões, na cotação atual) para melhorar a qualidade da água e reduzir os efeitos da mudança climática, e para melhorar a proteção das espécies.
Apesar disso, a Austrália é um dos maiores exportadores mundiais de gás e carvão, dois dos principais vilões do aquecimento global. Apenas recentemente o governo estabeleceu metas para alcançar a neutralidade de carbono.
A Unesco vai avaliar este ano se esses esforços são suficientes para que o recife preserve sua condição de Patrimônio Mundial.
Fonte: Folha de S. Paulo
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