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Mudanças climáticas estão mudando a “geografia do vinho”, diz estudo

18/04/2024

O clima, com seus ciclos de chuvas e variações de temperatura, interfere diretamente na produção agrícola. Com as uvas não é diferente: ondas de calor e chuvas imprevisíveis, a matéria prima do vinho pode deixar de ser cultivada em alguns lugares e, estranhamente, se adaptar a novas regiões.
Um estudo mostra que o Reino Unido e outras regiões onde as uvas para vinho não encontravam boas condições de desenvolvimento, podem se tornar lugares propícios para vinícolas. O estudo, “Impactos das mudanças climáticas e adaptações da produção de vinho”, foi publicado na revista Nature Reviews Earth & Environment.
Segundo os pesquisadores, “as mudanças climáticas já estão afetando o rendimento, a composição e a qualidade do vinho. Como resultado, a geografia da produção de vinho pode mudar. Cerca de 90% das regiões vinícolas tradicionais localizadas na Espanha, Itália, Grécia e sul da Califórnia podem desaparecer até ao final do século devido à seca excessiva e às ondas de calor mais frequentes”.
O estudo avaliou os efeitos da seca, do aumento das temperaturas e diferentes ameaças às regiões onde tradicionalmente se produz vinho e descobriram que existe um risco “significativo”, entre 49% e 70%, da produção de vinho perder a viabilidade econômica nestes locais, dependendo da intensidade do aquecimento global.
“As mudanças climáticas estão mudando a geografia do vinho. Haverá vencedores e perdedores”, disse o principal autor do estudo, Cornelis van Leeuwen, professor de viticultura do Institut des Sciences de la Vigne et du Vin da Universidade de Bordeaux e da Bordeaux Sciences Agro.
“Ainda é possível produzir vinho em quase qualquer lugar, mesmo em climas tropicais. Mas o foco deste estudo são vinhos de qualidade com rendimentos economicamente viáveis”, disse van Leeuwen, em entrevista à agência de notícias AFP.
De acordo com o estudo, até 25% dos vinhedos poderia ter uma produção de vinho melhor, em regiões totalmente novas surgindo em altitudes e latitudes mais elevadas.
“Temperaturas mais altas podem aumentar a adequação de outras regiões, como os estados americanos de Washington e Oregon, além da Tasmânia e do norte da França. Isso está impulsionando o surgimento de novas regiões vinícolas, como o sul do Reino Unido”, afirma o estudo.
A “nova geografia” do vinho vai depender do quanto as temperaturas no mundo vão subir. Se o aquecimento global se mantiver 2ºC acima da média pré-industrial estabelecida pelo Acordo de Paris, as regiões vinícolas terão de se ajustar – a maioria sobreviverá.
“Os produtores existentes podem se adaptar a um certo aquecimento alterando o material vegetal, sistemas de condução e gestão da vinha. No entanto, estas adaptações podem não ser suficientes para manter a produção de vinho economicamente viável em todas as áreas”, explicam os especialistas.
Caso o aquecimento seja maior, “a maioria das regiões mediterrânicas pode tornar-se inadequada para a produção de vinho”.
O estudo acrescenta que, nas zonas baixas e costeiras da Grécia, Itália e Espanha, cerca de 90% das regiões vinícolas “podem estar em risco de desaparecer até ao final do século”. E o sul da Califórnia poderá assistir ao esgotamento de até metade de suas famosas vinícolas. Produtores franceses podem precisar recorrer a variedades de uvas mais resistentes, como Chenin para as brancas e Grenache para as tintas.
Van Leeuwen disse que a irrigação para compensar as alterações no ciclo de chuvas não é uma boa alternativa já que “as vinhas irrigadas são mais vulneráveis ​​à seca se houver falta de água”. O especialista ainda ressaltou que usar um recurso tão escasso para irrigar culturas resistentes seria uma “loucura”.

Fonte: CicloVivo

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