05/11/2024
Dois pandas corpulentos, um macho e uma fêmea, chegaram da China neste mês ao Zoológico Nacional em Washington (EUA). Se tudo correr como planejado, eles acabarão tendo filhotes.
Trocas como essa ajudaram a transformar os pandas gigantes em um símbolo mundial da conservação da natureza.
O programa de pandas foi criado com o objetivo declarado de salvar uma espécie amada da ameaça de extinção. Os zoológicos pagariam até US$ 1,1 milhão por ano por casal, o que ajudaria a China a preservar o habitat dos pandas. Seguindo recomendações de reprodução cuidadosamente elaboradas, ajudaria a melhorar a diversidade genética da espécie. E, algum dia, a China libertaria pandas na natureza.
Mas uma investigação do New York Times, baseada em mais de 10 mil páginas de documentos, descobriu que as autoridades chinesas e os zoológicos dos EUA deram uma aparência positiva a um programa que lutou, e muitas vezes falhou, para atingir esses objetivos.
Os registros, fotografias e vídeos —muitos deles dos arquivos do Instituto Smithsonian— oferecem uma história detalhada e sem retoques do programa.
Eles mostram que, desde o início, os zoológicos viam os filhotes de panda como um caminho para atrair visitantes, prestígio e vendas de mercadorias. Nesse aspecto, tiveram sucesso.
Hoje, a China removeu mais pandas da natureza do que libertou, descobriu o Times. Nenhum filhote nascido em zoológicos americanos ou europeus, ou seus descendentes, jamais foi libertado. O número de pandas selvagens permanece um mistério porque a contagem do governo chinês é amplamente vista como falha e politizada.
Ao longo do caminho, pandas foram individualmente prejudicados.
Como os animais são notoriamente exigentes quanto ao acasalamento em cativeiro, os cientistas recorreram à reprodução artificial. Isso matou pelo menos um panda, queimou o reto de outro e causou vômitos e ferimentos em outros, mostram os registros.
Alguns animais estavam parcialmente acordados durante procedimentos dolorosos. Pandas na China oscilaram entre a consciência e a inconsciência enquanto eram anestesiados e inseminados até seis vezes em cinco dias, muito mais do que os especialistas recomendam.
A reprodução em zoológicos dos EUA fez pouco para melhorar a diversidade genética, dizem os especialistas, porque a China geralmente envia para o exterior animais cujos genes já estão bem representados na população.
No entanto, os zoológicos dos EUA clamam por pandas, e a China os fornece com entusiasmo. Os zoológicos recebem atenção e público. Criadores chineses recebem bônus em dinheiro por cada filhote, mostram os registros. No início do século, 126 pandas viviam em cativeiro. Hoje, há mais de 700.
Kati Loeffler, veterinária, trabalhou em um centro de reprodução de pandas em Chengdu, na China, durante os primeiros anos do programa. "Lembro-me de estar ali com as cigarras gritando no bambu", diz ela. "Percebi: ‘Oh, meu Deus, meu trabalho aqui é transformar o bem-estar e a conservação dos pandas em ganho financeiro.’"
Loeffler, que passou parte da temporada em Chengdu como pesquisadora afiliada ao Zoológico Nacional em Washington, afirma que os cientistas lá usavam anestesia de forma excessiva e descuidada. Em um ponto, ela diz, desafiou o protocolo e subiu em uma mesa de exame para segurar um animal enquanto ele estava sendo anestesiado.
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