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Desmatamento gerou perdas anuais de R$ 412 milhões em soja e milho da Amazônia, diz estudo

17/10/2024

O desequilíbrio climático provocado pelo desmatamento gerou um prejuízo de US$ 1,03 bilhão (cerca de R$ 5,8 bilhões) na produção de soja e milho na Amazônia de 2006 a 2019, aponta novo estudo de pesquisadores da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Em média, as perdas anuais foram de US$ 73 milhões (R$ 412 milhões).
Os cientistas analisaram o impacto da destruição da floresta no clima da região e descobriram que, desde 1980, há um atraso na chegada da temporada de chuvas e redução no volume anual, além de aumento nas temperaturas.
Como consequência, a soja é plantada mais tarde e a safrinha de milho, cultivada na mesma área após a colheita da soja, não tem tempo suficiente para se desenvolver plenamente.
A pesquisa é financiada pela organização Rainforest Foundation Norway, e o novo estudo ainda não passou pelo processo de revisão por pares.
"Hoje 80% da produção de milho do Brasil vem do sistema de dupla safra", diz Argemiro Teixeira Leite Filho, pesquisador no Centro de Sensoriamento Remoto da UFMG e um dos autores do estudo. Ele ressalta que, em termos de produção agrícola, o principal efeito do desmate é a diminuição na estação chuvosa.
"A janela de plantio para o produtor tem reduzido em até 30 dias nas áreas mais desmatadas. Mas, para a Amazônia como um todo, esse atraso é de cerca de duas semanas, o que já é um valor suficiente para afetar a produção da dupla safra", explica.
Em agosto, a Folha visitou quatro fazendas em Paragominas, no nordeste do Pará. Em todos os casos, os proprietários dizem não ver relação entre o desmatamento do bioma e variações climáticas. Mesmo assim, relatam perdas na produção devido ao clima —seja por seca ou pelo excesso de chuvas concentradas.
A cidade não está na região mais afetada pelo fenômeno observado no estudo (os efeitos são mais agudos onde chove menos, como no sul da Amazônia), mas ainda assim sofre a influência da redução da área florestal.
O agrônomo Gilberto Maraschin veio do Paraná há 20 anos e tem duas fazendas na região. Ele diz que, no último ano, em que houve El Niño, a chuva atrasou um pouco e, quando veio, foi muito volumosa e acumulada.
"Foi um dos anos mais problemáticos na colheita para a gente. Historicamente, em ano de El Niño nós produzimos mais, porque chove menos. Só que este ano a gente produziu menos", explica. A produtividade caiu de 55 para 45 sacas de soja por hectare.
Na safrinha, em que cultiva milho, sorgo e gergelim, o produtor opta por plantar em apenas 60% dos 1.700 hectares disponíveis para agricultura na propriedade, já que a temporada de chuva acaba rápido. "Não adianta fazer mais porque perde", afirma.
Segundo o estudo da UFMG, de 2006 a 2019, as alterações climáticas relacionadas ao desmate geraram perda econômica estimada em US$ 761,3 milhões (R$ 4,3 bilhões) para a produção de soja e US$ 273,3 milhões (R$ 1,5 bilhões) para o milho na Amazônia.
Deduzindo os custos de produção, o desmatamento reduz a renda líquida por hectare em 10% para a cultura da soja e 20% para o milho.
Maraschin também tem 500 hectares dedicados à pecuária, que responde por 20% da receita da fazenda. O plano é aumentar a participação do gado nos rendimentos, para ficar menos vulnerável ao clima. "A gente tem a pecuária como uma poupança, um seguro", diz.
Acessando Paragominas pela rodovia Belém-Brasília (BR-010), a impressão é de que ali nunca houve floresta, mesmo que as taxas de desmate hoje sejam muito menores do que eram há cerca de 15 anos. A estrada é ladeada por fazendas de gado e plantações de eucalipto e praticamente não há remanescentes nativos no caminho.

Leia a matéria completa clicando na Folha de S. Paulo

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