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Estudo aponta perda de 90% dos corais em Maceió e Maragogi: ´Grande cemitério embaixo d’água´, dizem pesquisadores da Ufal

01/10/2024

Uma análise preliminar feita em agosto por pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) indica a perda de mais de 90% dos corais em Alagoas. O aumento da temperatura no oceano, impactos humanos e fenômenos como El Niño explicam a alta mortalidade desses animais. A análise foi feita em Maragogi, Maceió e Paripueira.
“Os resultados das nossas análises preliminares foram devastadores. Apesar da beleza dos recifes alagoanos quando vistos de cima, o que encontramos embaixo d’água foi um grande cemitério de corais”, alertam Robson Santos e Ricardo Miranda, do Laboratório de Ecologia e Conservação no Antropoceno (Ecoa).
Segundo os pesquisadores, este ano a temperatura da água bateu recordes, chegando a 34ºC. Isso significa que ficou cerca de 3°C acima da média para o período, o que resultou em um evento de branqueamento dos corais em grandes proporções e intensidade.
“As altas temperaturas da água fazem com que o animal expulse da sua pele as pequenas algas coloridas, chamadas zooxantelas, que vivem ali associadas, e seu tecido agora transparente, mostra a cor branca do seu esqueleto”, explica o professor Ricardo.
O branqueamento é causado pelo estresse que os corais sofrem que faz com que eles reduzam as taxas de crescimento, diminuam a capacidade reprodutiva, aumentem a suscetibilidade a doenças e elevem as taxas de mortalidade.
Em outubro, a equipe vai retornar ao mar do litoral alagoano para uma nova missão de avaliação dos corais em Maragogi, Paripueira e Maceió. Essas regiões estão sendo monitoradas desde setembro de 2023 porque já tinham sido atingidas pelo evento do branqueamento.
“Tivemos um evento de El Niño, que naturalmente eleva a temperatura da água, mas que teve a sua intensidade aumentada devido às mudanças climáticas. Essa temperatura mais alta perdurou por um longo período fazendo com que a maioria dos corais não resistissem. Outro fator importante é a constante degradação dos ecossistemas costeiros, seja por poluição ou por uso insustentável que ao longo de anos vai reduzindo a saúde dos recifes e a chance de recuperação dos corais após eventos como estes”, contextualizou o professor Robson.
Os pesquisadores integram várias metodologias com instalação de sensores para avaliar a temperatura nos recifes e sondas para mapeamento digital detalhado da estrutura, além de mergulhos para registrar com imagens a cobertura de corais e os peixes recifais.
As avaliações são feitas em três momentos: antes, durante e depois do aquecimento das águas para ter uma ideia mais clara do estado real das perdas após esse evento extremo.
“Os corais são o coração dos oceanos, fornecendo abrigo e alimento para inúmeras espécies marinhas. Com sua morte, a biodiversidade marinha é afetada, impactando diretamente a pesca, o turismo e até mesmo a proteção da linha de costa contra tempestades e erosões. Quando os corais morrem, os ecossistemas marinhos enfraquecem. E nós, humanos, também sentimos o impacto”, lamentam os pesquisadores.
De acordo com os professores Ricardo e Robson, a recuperação dos corais é lenta e as ações de enfrentamento devem ser globais e locais. É preciso controlar a poluição e a temperatura da água, além de criar áreas marinhas protegidas. O cultivo e transplantio de corais saudáveis, o monitoramento contínuo da saúde dos recifes também é importante.
Segundo os pesquisadores, pequenas atitudes individuais podem fazer a diferença. “Reduza seu impacto ambiental, apoie projetos de conservação e espalhe essa mensagem. Juntos podemos ajudar a salvar nossos oceanos".
Educação das comunidades sobre a importância desses ecossistemas e investimentos em pesquisas científicas são cruciais para a recuperação dos corais. A Ufal informou está articulando parcerias com a academia, o Estado e ONGs para pensar alternativas de reestruturar os corais e gerar renda com o turismo sustentável.
O projeto da Ufal para monitorar a saúde dessas colônias conta com o financiamento da Fapeal e bolsas de estudo do CNPq, além de integrar uma rede nacional de monitoramento.

Fonte: g1

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