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Startup do Vale do Silício polui a atmosfera para tentar resfriar o planeta

01/10/2024

Um trailer Winnebago prateado parou em um depósito nos arredores de um subúrbio do Vale do Silício e três empreendedores climáticos renegados desembarcaram, todos com moicanos, bigodes e shorts camuflados.
Trabalhando rapidamente, destrancaram uma unidade de armazenamento lotada de drones e cilindros de gás pressurizado. Usando um carrinho, eles retiraram quatro tanques contendo dióxido de enxofre e hélio, e os empilharam no chão da van. Em seguida, seguiram para as colinas douradas perto do Oceano Pacífico.
Com seu equipamento improvisado e a confiança que vem de ter arrecadado mais de US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,4 milhões) em capital de risco, eles estavam executando um plano de liberar poluentes no céu, tudo em nome do combate ao aquecimento global.
"Somos furtivos", disse Luke Iseman, 41, um dos cofundadores da Make Sunsets. "Isso parece só mais um trailer."
Make Sunsets é uma das startups mais incomuns em uma região repleta de ideias malucas. Iseman e seu cofundador, Andrew Song, 38, afirmam que liberando dióxido de enxofre na estratosfera eles podem refletir parte da energia do sol de volta para o espaço, resfriando o planeta.
É uma empreitada audaciosa, mas tem pelo menos uma base parcial na ciência. Por 50 anos, cientistas do clima sugeriram que liberar aerossóis na estratosfera poderia atuar como um amortecedor e reduzir o calor do sol.
À medida que os perigos das mudanças climáticas se tornam mais extremos, o interesse na ideia, conhecida como geoengenharia solar estratosférica, está crescendo. O tema vem sendo estudado por cientistas e a Universidade de Chicago lançou recentemente um ambicioso programa de pesquisa na área.
Mas nem toda geoengenharia é igual. Enquanto as universidades estão investindo milhões de dólares em pesquisa, outros, declarando preocupação com o aquecimento global e vendo uma oportunidade de negócio, estão avançando sem nenhum estudo científico. Iseman teve a ideia para a Make Sunsets a partir de um romance de ficção científica.
Até agora, a empresa está liberando dióxido de enxofre em uma escala pequena. Mas alguns especialistas dizem que esforços mais amplos para perturbar a atmosfera terrestre poderiam resultar em consequências catastróficas não intencionais.
Os fundadores da Make Sunsets não têm essas preocupações. Eles estão vendendo "créditos de resfriamento" para clientes que desejam compensar suas emissões de carbono pessoais. E algumas vezes por mês, depois de vender créditos suficientes, eles seguem para as colinas e liberam balões cheios de dióxido de enxofre no céu da Califórnia.
"Esta é a única ferramenta que pode realisticamente resfriar a Terra na nossa geração", disse Iseman. "Cada dia que não fazemos isso leva a danos desnecessários."
Sikina Jinnah, professora de estudos ambientais na Universidade da Califórnia Santa Cruz, está preocupada com os danos das atividades. "Eles são dois caras de tecnologia que não têm experiência em fazer o que estão dizendo que estão fazendo", disse ela. "Eles não são cientistas e estão fazendo afirmações sobre créditos de resfriamento que ninguém validou."
Balões meteorológicos cheios de dióxido de enxofre e gás hélio são selados com elásticos e fita adesiva, e recebem um dispositivo de GPS para rastrear sua movimentação. Eventualmente, o balão explode devido à pressão atmosférica, liberando os gases.
A tecnologia é rudimentar e pouco mudou desde os primeiros esforços de Iseman para alterar a estratosfera.
Cada balão cumpre os pedidos de 1.700 créditos de resfriamento, que a Make Sunsets vende por um total de US$2.200 (R$ 12 mil). Cada crédito, eles afirmam, compensa o aquecimento produzido por uma tonelada de emissões de dióxido de carbono por um ano.
Mas não foram realizados experimentos para validar suas afirmações, nem qualquer análise detalhada de se mecanismos tão pequenos podem alcançar um efeito de resfriamento.
"Não parece haver transparência por trás dos cálculos deles", afirmou Michael Gerrard, fundador do Centro Sabin de Direito das Mudanças Climáticas da Universidade de Columbia, que estudou geoengenharia.

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