26/09/2024
Ativistas do Greenpeace invadiram apresentação do secretário-geral da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), Haitham Al Ghais, em evento do setor nesta terça-feira (24) no Rio de Janeiro.
Com cartazes escritos "transição energética justa" e "planejando catástrofes climáticas", os ativistas interromperam o início da apresentação de Al Ghais na maior conferência sobre petróleo no Brasil.
Al Ghais se preparava para lançar, pela primeira vez fora da sede da Opep, em Viena, o documento anual de projeções sobre o consumo de energia.
Com o protesto, a apresentação foi interrompida, com corte no fornecimento de energia, feito pela organização do evento.
"O que adoro quando estou no Brasil é a energia deste país. Todo o tipo de energia. Até aquela energia", comentou o secretário-geral da Opep, para depois brincar sobre a falta temporária de energia. "O que isso mostra é que não tem eletricidade o bastante aqui. Vamos precisar de muito mais petróleo para o futuro", afirmou.
O documento divulgado nesta terça diz que a demanda de petróleo continuará crescendo em todo o mundo até 2050.
Em vídeo, a Opep afirma que as expectativas de que a demanda atingirá um pico e começará a cair estão erradas. "Narrativas unilaterais e polarização não ajudam ninguém", afirma.
Romulo Batista, coordenador de florestas do Greenpeace Brasil, em nota, disse que a ONG fez "uma manifestação pacífica para chamar a atenção para os impactos da crise climática, que é impulsionada, principalmente, pelo uso de combustíveis fósseis no mundo".
"Enquanto o Brasil enfrenta eventos climáticos extremos, como a maior seca dos últimos 70 anos, as empresas presentes neste evento seguem lucrando com o sofrimento das pessoas. É hora de responsabilizar as exploradoras de gás e petróleo pelos danos que causam especialmente para as populações mais vulnerabilizadas", afirmou.
O evento que recebia Al Ghais reúne as maiores petroleiras globais com negócios no Brasil, entre elas gigantes americanas e europeias. Foi alvo de protestos também na segunda (23) por parte de outras organizações ambientalistas.
Elas lançaram campanha em que questionam os elevados salários dos executivos das principais operadoras do mundo. "Eles lucram, a gente sofre", dizem peças espalhadas pela cidade. Em 2022, por exemplo, o CEO da ExxonMobil, a maior petroleira americana, recebeu US$ 32 milhões entre salários e bônus.
"As grandes empresas de petróleo deveriam priorizar investimentos para as soluções energéticas capazes de reduzir a demanda por óleo e gás e incluir em seus planos estratégicos o cronograma e os recursos para descontinuar o uso do petróleo", afirmou Ricardo Baitelo, gerente de projetos do Iema (Instituto de Energia e Meio Ambiente).
O governo Luiz Inácio Lula da Silva também é alvo dos protestos, ao apresentar o país como líder na transição energética ao mesmo tempo em que incentiva a abertura de novas fronteiras para a exploração de combustíveis fósseis no país.
Fonte: Folha de S. Paulo
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