05/09/2024
Com o tempo seco e as altas temperaturas, está difícil respirar no país. Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), ao menos 244 cidades registraram umidade relativa do ar menor ou igual à do deserto do Saara nesta terça-feira (3), e a previsão é de que nesta quarta-feira (4) os índices possam ser ainda piores.
O mês de setembro, o último do inverno, começou com uma onda de calor que fez subir as temperaturas. Nesta terça-feira, no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul as máximas chegaram aos 40°C. No interior de São Paulo e Minas Gerais, as cidades chegaram a 39°C. A subida do termômetro levou especialistas a debaterem até mesmo se o Brasil é o país mais quente do mundo nesta semana.
🔴 O calor se somou à seca, a maior e mais extensa já enfrentada pelo país, com cidades sem chuva há mais de cem dias. A falta de chuva e a alta temperatura faz com que a umidade, literalmente, evapore, chegando a níveis desérticos.
No deserto do Saara, por exemplo, no norte da África, a umidade do ar varia de 14% a 20%. No Brasil, 244 cidades registraram índices menores ou iguais a esse nesta terça-feira.
No caso do deserto do Atacama, no Chile, o deserto mais seco do mundo, foi registrada umidade de 5%. Dez cidades no país chegaram próximas desse índice, com 7%.
Os dados são das estações de monitoramento do Inmet, que estão em todas as regiões do país, mas não cobrem todos os municípios do Brasil.
O primeiro ponto é que estamos na estação seca, consequentemente, é um período com menos chuva e isso impacta na umidade relativa do ar que se estende até outubro. No entanto, a situação ficou mais grave por três fatores:
☀️ Seca histórica: o Brasil vive a maior e mais intensa seca de sua história recente. Todos os estados, com exceção do Rio Grande do Sul, estão passando pelo pior período seco já visto. Segundo os dados do Cemaden, em dez estados além do Distrito Federal não chove há mais de cem dias.
🥵 Calor intenso: setembro começou com uma onda de calor que vai levar cidades a níveis recordes de calor. Com a temperatura alta e menos chuva, a umidade acaba se dissipando.
❌ Bloqueios Atmosféricos: o bloqueio é uma configuração dos ventos que impede o avanço de frentes frias e, consequentemente, das chuvas. Com menos nuvens e chuva, a umidade vai ficando cada vez mais baixa.
Quanto maior a temperatura, menor a umidade do ar. A gente está enfrentando um período extremamente seco com calor, isso faz com que a situação no país fique ainda mais grave.
— Fábio Luengo, meteorologista da Climatempo.
➡️ Segundo os meteorologistas, a situação é grave e pode piorar ainda nesta quarta-feira. Isso porque estamos em mais um dia com altas temperaturas. A umidade vai caindo ao longo do dia, conforme a temperatura vai aumentando. A previsão é de que até o fim desta quarta os níveis sejam baixos.
🔴 O Inmet emitiu um aviso de sinal vermelho para Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e no Distrito Federal porque a umidade deve ficar abaixo de 12%.
🟡 Para o restante do país, há um alerta amarelo, com a umidade ficando em até 30%.
➡️ De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a faixa de umidade ideal para o organismo humano situa-se entre 40% e 70%. Quando essa taxa cai para 30%, já se configura uma situação de alerta, com prejuízos evidentes para a saúde.
O tempo seco pode levar a problemas respiratórios, cansaço, dor de cabeça, narinas e olhos ressecados. O desconforto é ainda maior para pessoas que já têm doenças respiratórias, como asma, rinite alérgica ou bronquite crônica, que ficam propensas ao agravamento dos quadros.
😷 Isso acontece porque um dos mecanismos de defesa que temos para as vias aéreas é o muco. Com o ar seco, esse muco também seca e isso piora a obstrução.
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