05/09/2024
Em um cenário de eventos climáticos extremos, secas e ondas de calor cada vez mais constantes, o combate à emergência climática se torna cada vez mais urgente. Entre todas as notícias alarmantes, uma atualização em relação à transição energética vem para trazer um pouco de otimismo e impulsionar mais mudanças: em 2023, pela primeira vez, mais de 40% da eletricidade do planeta foi gerada por fontes renováveis — 14% de energia solar e eólica.
Estes dados foram revelados por dois novos relatórios da BloombergNEF (BNEF). Em um comunicado à imprensa, a BNEF informa que, em 2023, quase 91% das adições líquidas de capacidade de energia no mundo foram provenientes de energia solar e eólica — acima dos 83% em 2022 — em comparação com 6% de combustíveis fósseis, o menor nível já registrado.
“Vimos uma mudança radical na energia renovável em comparação a alguns anos antes. Agora não há dúvidas de que esta é a maior fonte de nova geração de energia, onde quer que você vá” disse Sofia Maia, autora principal de Power Transition Trends 2024.
E a transição energética segue ganhando força: no primeiro semestre de 2024, US$ 313 bilhões foram investidos em energia renovável, o que foi comparável ao mesmo período em 2023. As energias renováveis representaram quase um terço da geração de energia no mundo todo em 2023, um aumento de cinco por cento em relação ao ano anterior.
De acordo com os relatórios, a energia hidrelétrica representou 14,7%, a solar e a eólica um recorde de 13,9% e a nuclear 9,4%.
As descobertas dos relatórios, ambos publicados pela BNEF — o 2H 2024 Renewable Energy Investment Tracker e o Power Transition Trends 2024 — indicaram que o a busca por energia verde acelerou.
A China continuou a dominar novos investimentos em energias renováveis, apesar de equipamentos mais baratos terem levado a um declínio de 4%. Nos primeiros seis meses de 2024, os Estados Unidos foram o segundo maior mercado do mundo e viram um aumento de 63% nos níveis de investimento semestrais desde a aprovação do Inflation Reduction Act. Durante o mesmo período, o Paquistão saltou de 14º maior mercado de investimento solar no ano passado para o 5º maior em 2024.
“Dez economias foram responsáveis por quase três quartos da geração total de energia renovável em 2023. A China somou quase um terço de toda a produção global de energia renovável no ano passado. Os EUA, Brasil, Canadá e Índia completaram os cinco primeiros, que foram responsáveis por 60% da geração renovável do mundo no ano passado”, disse o comunicado à imprensa.
A análise de capacidade e dados de geração de energia mais abrangente do mundo, Power Transition Trends, analisa 140 mercados, bem como dados agregados internacionais, para destacar os padrões de transição energética e o progresso das nações na descarbonização de suas economias.
O Rastreador de Investimentos em Energia Renovável da BNEF é um cálculo semestral do novo investimento em capacidade global de energia renovável, bem como do capital produzido por empresas especializadas.
A Power Transition Trends descobriu que a capacidade total de geração de energia em todo o mundo atingiu 8,9 terawatts no ano passado. A energia eólica agora compõe um terawatt da capacidade de energia instalada. Em 2023, 428 gigawatts de capacidade de energia solar foram adicionados — um aumento de 76% ano a ano — elevando a capacidade solar total instalada em todo o mundo para 1,6 terawatts.
O primeiro semestre deste ano viu o investimento eólico atingir US$ 90,7 bilhões, o que foi 11% menor do que o mesmo período em 2023. A energia eólica offshore experimentou uma queda especialmente pronunciada, que pode ser explicada por desafios frequentes de interconexão de rede e licenciamento. Mesmo assim, os projetos eólicos continuam avançando, embora não com o mesmo ímpeto que a energia solar.
O investimento em energia solar durante o primeiro semestre deste ano atingiu US$ 221 bilhões para ativos de pequena escala e de serviços públicos, mas houve indícios de que a taxa de crescimento estava diminuindo. A razão é a oferta de módulos mais baratos que significam energia limpa mais acessível, mas também menos investimento necessário para a mesma capacidade, com gargalos na rede começando a paralisar alguns mercados.
“Está claro que se houver projetos prontos e capazes de seguir adiante, o capital virá. O foco deve ser simplificar o desenvolvimento eólico e solar ao redor do mundo”, afirma disse Meredith Annex, autora principal do Renewable Energy Investment Tracker.
Fonte: CicloVivo
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