03/09/2024
Um tufão devastador que passou pelas Filipinas, Taiwan e China no mês passado foi significativamente agravado pelas mudanças climáticas causada pelas ações humanas, disseram cientistas em um relatório publicado na última quinta-feira (28).
O tufão Gaemi varreu o Leste Asiático a partir de 22 de julho, destruindo infraestruturas e deixando mais de cem pessoas mortas.
Os pesquisadores afirmaram que mares mais quentes devido às emissões de carbono estão fornecendo um "combustível" extra para tempestades tropicais na Ásia, tornando-as mais perigosas.
Os resultados foram divulgados enquanto outro tufão extremamente forte, batizado de Shanshan, atinge o Japão, deixando ao menos quatro mortos e danificando a infraestrutura.
A passagem do Gaemi fez com que mais de 300 mm de chuva caíssem na capital das Filipinas, Manila, em apenas um dia.
Ventos com velocidades de até 232 km/h causaram ondas fortes, afundando um petroleiro na costa das Filipinas e um navio de carga perto de Taiwan. A chuva provocada pelo Gaemi também causou deslizamentos de terra fatais na província chinesa de Hunan.
De acordo com o relatório divulgado nesta semana, elaborado por cientistas vinculados ao grupo WWA (World Weather Attribution), os ventos do tufão foram 14 km/h mais intensos e sua precipitação até 14% maior devido às temperaturas mais quentes do mar.
O WWA é formado por uma rede de pesquisadores que analisam a relação entre mudanças climáticas e eventos climáticos extremos.
"Com o aumento das temperaturas globais, já estamos testemunhando um aumento das temperaturas oceânicas, e, como resultado, mais desse combustível poderoso está sendo disponibilizado para ciclones tropicais, aumentando sua intensidade", disse Nadia Bloemendaal, pesquisadora do Instituto Meteorológico Real dos Países Baixos.
A passagem do Gaemi coincidiu com a simbólica marca do dia mais quente já registrado na história do planeta, recorde que foi quebrado por duas vezes naquela mesma semana.
Clair Barnes, pesquisadora do Grantham Institute de Londres, disse que os tufões agora têm 30% mais chances de ocorrer em comparação com a era pré-industrial. Barnes alerta, ainda, que se as temperaturas globais aumentarem 2°C, eles se tornarão ainda mais comuns e intensos —o planeta já está quase 1,3°C mais quente, na comparação com a época que antecedeu a revolução industrial (1850-1900).
O Leste Asiático está acostumado a condições climáticas extremas, mas suas infraestruturas de prevenção de enchentes e planejamento de resposta a emergências estão sob crescente pressão, disse Maja Vahlberg, consultora de riscos climáticos do Centro Climático da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.
"Até nossos melhores esforços estão sendo levados ao limite", afirmou.
Fonte: Folha de S. Paulo
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