29/08/2024
Duas cidades do Brasil são mencionadas no relatório das Nações Unidas (ONU) que emite um alerta mundial por causa da rápida elevação do Oceano Pacífico, com “potencial catastrófico global”. O Rio de Janeiro, cidade já conhecida mundialmente, e Atafona, distrito do município de São João da Barra, no Norte Fluminense. Mas, a diferença é que os moradores do segundo, já sentem na prática os efeitos das mudanças climáticas.
Segundo a própria prefeitura local, Atafona impressiona com o processo de transgressão do mar, a invasão das águas sobre o continente, que começou nos anos 60. Ao longo das últimas décadas, o mar vem avançando de forma progressiva sobre a faixa de terra, resultando na destruição de casas, ruas e até mesmo na perda de áreas inteiras da comunidade. Este fenômeno tem suas raízes em uma combinação de fatores naturais e ações humanas, que têm contribuído para acelerar o processo.
Nascida em Campos dos Goytacazes, no estado do Rio de Janeiro, Sônia Ferreira mora desde 1978 em Atafona, onde construiu uma casa de veraneio e se apaixonou pelo local. Hoje com 79 anos, aposentada e viúva, Sônia ainda vive na cidade com sua filha, mas não na casa construída em 1978.
— É como morar em um castelo de areia. Quando construímos a casa, em 1978, nós não víamos o mar. Havia dois quarteirões na frente da casa e a avenida Atlântica asfaltada, com calçadão e um pedaço enorme de areia até chegar, enfim, à praia. Não imaginávamos que um dia ele chegaria à nossa casa. Eu acompanhava o estado das marés como se eu fosse pescadora, porque pensava em continuar ali — disse Sônia em entrevista ao GLOBO em julho deste ano.
Atafona está localizada na foz do rio Paraíba do Sul, uma área naturalmente vulnerável à erosão costeira. No entanto, a situação foi agravada pela construção de barragens ao longo do rio e pela retirada de areia das dunas, o que alterou o equilíbrio natural da sedimentação. Sem o aporte de sedimentos do rio, que ajudariam a "reabastecer" a praia, o mar ganhou força para avançar sobre a terra.
Muitas famílias já foram obrigadas a abandonar suas casas, que foram engolidas pelo mar. Infraestruturas como ruas, redes de esgoto e eletricidade também foram destruídas, dificultando a vida na região. Além disso, o avanço do mar prejudica a economia local, que depende principalmente da pesca e do turismo. Com a destruição das áreas costeiras, essas atividades se tornam cada vez mais inviáveis.
— Eu estava na varanda do meu quarto quando a minha vizinha da frente, que também perdeu sua casa, me ligou pedindo que filmasse a situação do mar, que batia muito na lateral da casa. O muro já estava com a sapata fora, sem sustentação, porque o mar vai tirando a areia que fica por baixo do terreno e deixando a construção oca. Para impedir o processo, nós até pensamos em colocar pedras na frente do muro, mas ia prejudicar os vizinhos.
A moradora hoje faz parte de um movimento chamado SOS Atafona, que mantém contato com as autoridades para que as autoridades encontrem um plano de curto, médio e longo prazo para este problema, que só tende a piorar.
O relatório divulgado nesta terça mostra que o nível dos mares subiu 15 centímetros nos últimos 30 anos em algumas partes do Pacífico. Em Atafona, o aumento foi de 13 centímetros no mesmo período mas, a má notícia fica para o futuro: o aumento esperado até 2050 é de até 21 centímetros, sendo 16 centímetros em média.
— Em todo o mundo, o aumento do nível do mar tem um poder incomparável de causar estragos nas cidades costeiras e devastar economias litorâneas. Os líderes globais precisam agir: reduzir drasticamente as emissões globais; liderar uma transição rápida e justa para o fim dos combustíveis fósseis; e aumentar massivamente os investimentos em adaptação climática para proteger as pessoas dos riscos presentes e futuros — disse o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres.
De acordo com pesquisas, o aumento do nível do mar é consequência do aumento das temperaturas, que causa o derretimento das calotas polares. À medida que o aquecimento aumenta e o gelo derrete, o mar sobe de nível.
Segundo a ONU, as ilhas do Pacífico são excepcionalmente expostas pois as temperaturas nos mares da região estão subindo muito mais rapidamente do que as médias globais. No local, a elevação média é de apenas um a dois metros acima do nível do mar. Cerca de 90% da população vive a apenas 5 quilômetros da costa e metade da infraestrutura está a 500 metros do mar.
Fonte: O Globo
Parque da Tijuca lança pista de mountain bike para crianças
21/11/2024
Desmatamento na Mata Atlântica cai 55% no primeiro semestre
21/11/2024
Maior peixe do mundo é flagrado por pesquisadores pela 1ª vez no mar do ES
21/11/2024
Recorde de queimadas no pantanal nos últimos anos ameaça espécie de cobra exclusiva do bioma
21/11/2024
Área queimada no Brasil de janeiro a outubro equivale ao território de Tocantins
21/11/2024
Máquina de ´dessalinização´ das águas é instalada no Arquipélago do Bailique, no AP
21/11/2024