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Garimpo ilegal de ouro divide terra indígena no sul do Pará

11/08/2022

O garimpo ilegal de ouro dividiu uma terra indígena no sul do Pará. Lideranças tomaram rumos distintos. Alguns indígenas foram cooptados por garimpeiros, enquanto outros passaram a organizar expedições para tentar flagrar e combater a atividade ilegal.
Na terra Baú, dos indígenas kayapó mekrãgnoti (eles se denominam mebemgôkre), a cisão está longe do fim. É um resumo do que significou o estímulo do governo Jair Bolsonaro à mineração nesses territórios, à margem da lei, ao longo de quase quatro anos de gestão.
No território de 1,5 milhão de hectares, equivalente a quase três vezes o tamanho de Brasília, existem cinco aldeias, mais indígenas isolados. A Baú, que leva o mesmo nome da terra indígena, é a aldeia-mãe, onde vivem 24 famílias, cerca de 150 pessoas.
A aldeia Baú se transformou num foco de resistência ao garimpo ilegal. A comunidade vive do extrativismo –em especial a coleta de cumaru e de castanha–, da caça e da pesca.
Já integrantes de outras aldeias passaram a ser permissivos ao garimpo, uma atividade que já existia há décadas na região, mas que voltou a ganhar força a partir de 2018.
"Na nossa luta, a gente não aceita os garimpos, nem madeireiros. Estamos protegendo a área. Mas do outro lado do rio tem garimpo, e lideranças trabalhando com garimpeiros e madeireiros", resume o cacique Bepdjo, da aldeia Baú.
Uma análise feita por perito do MPF (Ministério Público Federal) no Pará no fim de 2018 já mostrava elevadas concentrações de mercúrio em peixes coletados na terra Baú, acima do limite de segurança estabelecido pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
O peixe dos rios Baú e Curuá é a principal fonte de alimento nas aldeias, de acordo com o MPF, o que ampliava a preocupação com a contaminação proveniente de garimpos.
Em 2019, o primeiro ano do governo Bolsonaro, lideranças de aldeias como a Kamaú decidiram deixar formalmente a entidade que representa os indígenas do território, o instituto Kabu. O motivo, segundo constatação de lideranças locais, foi a expectativa de ganho fácil com o garimpo ilegal.
O Kabu é o instituto responsável por administrar os recursos da compensação ambiental paga pelo asfaltamento da BR-163, que conecta Santarém (PA) a Cuiabá. Os pagamentos foram interrompidos em 2020, o que é contestado na Justiça.
A BR-163 é uma das rotas centrais para escoamento de grãos do Centro-Oeste, com impacto direto nas comunidades indígenas do sul do Pará. Os kayapó vivem em cinco terras indígenas na região.
O movimento de deixar o Kabu, que representa 11 aldeias das terras Baú e Menkragnotí, foi o início do processo de reabertura ao garimpo.
Hoje, na terra Baú, as águas do rio Curuá estão poluídas pela atividade do garimpo –a coloração é marrom acinzentada, com aspecto leitoso. Longos trechos de floresta foram derrubados e escavados na busca de ouro. A atividade ilegal também é desenvolvida por meio de dragas.
A Folha esteve no local e constatou a divisão entre as aldeias, que fica muito evidente em uma das bases de vigilância mantidas pelos indígenas que fiscalizam e combatem o garimpo.
A base fica no rio Pixaxá. Para chegar até sua foz, é preciso navegar pelas águas poluídas do Curuá por meia hora, rio acima. No caminho, há uma área de garimpo na beira do rio, recém-desativada após uma ação da Polícia Federal.

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