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Incêndios na Amazônia deixam rastro de destruição por décadas

26/11/2020

Entre galhos e folhas esturricados sobre o solo que abrigava uma área de floresta intacta, o cheiro de queimada ainda é forte. Próximo a uma das aldeias da Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau, em Rondônia, vazios surgiram onde grandes árvores da Amazônia dominavam.
"Depois que queima, tudo muda. Vai entrando um mato, uma capoeira… As árvores às vezes não queimam de uma vez, mas vão apodrecendo", conta Awapu Uru-Eu-Wau-Wau à DW Brasil sobre a experiência de assistir à morte da mata nativa.
Além da paisagem arrasada, um outro efeito maligno e invisível perdura por décadas: a liberação de gás carbônico (CO2) para a atmosfera, o potente gás de efeito estufa acelerador das mudanças climáticas.
Uma pesquisa recente concluiu que, décadas após a passagem do fogo pela Amazônia, a lenta morte da vegetação segue como uma fonte significativa de CO2. Ao longo de um período de 30 anos, 73% das emissões das áreas de floresta analisadas resultaram da mortalidade e decomposição de árvores após incêndios, conclui o artigo científico assinado por brasileiros e britânicos publicado na IOPscience Environmental Research Letters.
"Tem aquela emissão que acontece na hora, que é o fogo que consome as folhas, os galhos, e que já vai direto para a atmosfera. Mas as árvores vão morrendo e continuam se decompondo, e continuam emitindo", detalha Liana Anderson, pesquisadora do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, Cemaden.
Os impactos indiretos não param por aí. Mesmo 30 anos após a passagem do fogo, a mata não recupera o seu antigo porte.
"A floresta fica mais ou menos com 25% menos de biomassa - menos madeira, menos material acumulado - do que uma área de uma floresta intacta", complementa Anderson.
Ao contrário do que se costumava pensar, a Floresta Amazônica, depois de atingida por um incêndio, não compensa através do crescimento de novas árvores as emissões de CO2 provenientes do fogo que a destruiu.
O grupo de pesquisa de Anderson, que tem estudado esse fenômeno, identificou que a regeneração natural da floresta após o desastre, mesmo 30 anos depois, compensa apenas 35% de todas as emissões de CO2 geradas pelo incêndio.
"Isso mostra a persistência do impacto. Há esse pensamento que diz que depois da queima, a floresta vai se recuperar em breve, que não precisa se preocupar com a emissão. Mas os estudos estão mostrando que a recuperação da floresta não ocorre, que fica sempre um déficit", argumenta Anderson.
Na contagem oficial das emissões brasileiras de gases estufa, os incêndios em vegetação nativa, que matam a floresta em pé que normalmente não queimaria, ficam de fora. Por outro lado, o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), que calcula essa fonte em caráter experimental, estima que, em 2019, 517 milhões de toneladas de CO2 equivalente (CO2e) vieram dessa combustão, um aumento de 87% em relação a 2018.

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