
10/12/2019
Um filhote de cachorro com um rabo no rosto ganhou fama internacional esta semana.
"Eu morreria por Narwhal", prometeram vários comentaristas do Twitter.
O vira-lata resgatado recebeu o nome de um mamífero marinho com uma única presa que se destaca de seu rosto. Mas, em vez de uma presa, o filhote Narwhal tem uma cauda em miniatura entre os olhos.
Um abrigo no Missouri chamado Mac´s Mission, especializado no que chama de cães "esquisitos", adotou o filhote abandonado. Os funcionários ficaram desapontados com o fato de a cauda extra de Narwhal não abanar. Mas o apêndice não parecia incomodar o filhote, que é normal e saudável. Um veterinário disse que não havia necessidade de removê-lo já que um raio-X não mostrou ossos.
A explicação mais provável de como Narwhal ficou com o rabo do rosto não é tão fofa, disse Margret Casal, professor da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade da Pensilvânia. A cauda é provavelmente o gêmeo parasita de Narwhal.
Gêmeos idênticos regulares se formam quando um embrião se divide pela metade logo após a fertilização. Às vezes, essa divisão acontece muito tarde na gravidez e as metades não se separam completamente, levando a gêmeos siameses. Ainda mais raramente, disse Casal, a divisão tardia é assimétrica, o que significa que um lado do embrião se transforma em um indivíduo totalmente formado e o outro se torna uma parte extra do corpo.
Diferentemente dos seres humanos, gêmeos idênticos são muito raros em cães, que geralmente nascem em ninhadas, segundo Casal. Então, um cachorro com um gêmeo parasita é "realmente super, super raro", afirma a especialista.
Mas não é algo inédito. Em um caso, um filhote teve um par extra de patas traseiras crescendo da barriga. Gêmeos parasitas, como gêmeos siameses, também podem ocorrer em humanos.
Às vezes, os animais nascem com peças de reposição mais extremas, como uma segunda cabeça inteira. Bezerros de duas cabeças aparecem ocasionalmente nas manchetes, embora geralmente morram logo após o nascimento.
As cobras também podem chocar com duas cabeças. Em um artigo de 2007, um herpetologista, Van Wallach, resumiu quase mil casos relatados de cobras de duas cabeças. As duas cabeças estão quase sempre próximas uma da outra, ele descobriu, mas ocasionalmente empilhadas. Muitos fatores podem levar a cobras de duas cabeças, incluindo temperaturas baixas quando os ovos estão incubando. A maioria das cobras de duas cabeças morre imediatamente, mas algumas vivem até a idade adulta.
Wallach tinha uma cobra de duas cabeças chamada Brady & Belichick, que cresceu até a idade adulta saudável. Ambas as cabeças comeram normalmente. Mas a cabeça que terminava de comer o rato primeiro atacava a outra cabeça, como Wallach descreveu em seu artigo de 2012.
A segunda cabeça de um bezerro ou cobra pode surgir de um gêmeo parasita. Ou uma cabeça extra pode se formar quando algo dá errado durante o desenvolvimento de um único indivíduo. Por exemplo, certos genes agem como diretores de palco de um embrião em desenvolvimento, garantindo que tudo acabe no lugar certo.
— Se você sofrer uma mutação em um desses genes, poderá obter duplicações bizarras, como duas cabeças — disse Casal. — Ou o que vemos de vez em quando em cães ou gatos quando, por exemplo, eles têm dois pênis.
Michael Levin, que dirige o Allen Discovery Center na Universidade Tufts, disse que, embora Narwhal seja um exemplo bonito de desenvolvimento que deu errado, "eu já vi muito mais estranho."
Levin estuda como os sinais entre as células, especialmente os sinais elétricos, ajudam a organizar um animal inteiro na forma correta. Pesquisadores em seu laboratório criaram vermes com quatro cabeças, girinos com olhos nas costas e sapos de seis patas.
Embora Levin pense que um gêmeo parasita possa explicar Narwhal, ele disse que é impossível saber ao certo por causa dos processos complexos que organizam os corpos, mesmo em criaturas simples, como vermes achatados. Produtos químicos e outros fatores no ambiente de um animal em desenvolvimento podem fazer com que esses processos dêem errado de inúmeras maneiras.
— Existem lacunas enormes no nosso entendimento — disse ele.
Os cientistas ainda estão tentando responder às principais perguntas sobre como uma bolha de células se transforma em um animal completo, do tamanho e formato certos, com diferentes tipos de peças nos lugares corretos.
— É um milagre que saia certo na maioria das vezes — resume.
Fonte: O Globo

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