UERJ UERJ Mapa do Portal Contatos
Menu
Home > Atualidades > Notícias
O drama das araras-azuis e outros animais sob risco de extinção e acuados pelo fogo no Pantanal

07/11/2019

Por muito pouco —questão de segundos— a bióloga Carine Emer, do câmpus de Rio Claro, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), não morreu queimada no carro em que viajava no domingo, dia 27 de outubro, pela BR-262, entre Corumbá e Miranda, no Mato Grosso do Sul. Uma labareda gigante atravessou a rodovia, vinda de um incêndio no mato em suas margens. Foi apenas mais uma entre o maior número de queimadas já registrado no Estado. Entre os dias 1º de agosto e 31 de outubro, o número de focos de queimadas no Pantanal cresceu 506% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que, em números absolutos, os incêndios em todo o bioma Pantanal saltaram de 1.147 entre agosto e outubro de 2018 para 6.958 nos três meses deste ano.
Outubro foi o mês que teve o maior aumento de focos, indo de 119 no ano passado para 2.430, o que representa um crescimento de 1.942%. Depois vem agosto, que passou de 243 para 1.641 (575%), e setembro, que foi de 785 para 2.887 (368%).
O fogo coloca em risco a vida de muitos animais da rica biodiversidade pantaneira, assim como a vegetação. É fácil encontrar animais mortos depois que o fogo se apaga, como cobras, lagartos e jacarés, estes principalmente por causa da seca.
"Ainda não há estimativa de quantas árvores e bichos foram queimados", diz Carine. "Também é difícil dizer em quanto tempo a área vai se recuperar. Depende de até quando os incêndios vão durar, do que for destruído." O governo do Estado ainda não tem um levantamento da situação.
O engenheiro florestal e especialista em restauração ambiental, Júlio Sampaio, gerente dos programas Cerrado e Pantanal, do WWF-Brasil, diz que, embora ainda não tenha sido feito um levantamento preciso do impacto dos incêndios na vida selvagem, ele foi intenso.
"Há vários relatos de animais incinerados ou asfixiados pela fumaça", explica. "Os que se locomovem mais lentamente, como os de pequeno porte e os répteis são os que sofrem mais com as queimadas", acrescentou.
De acordo com Sampaio, diferentemente de algumas plantas, que têm adaptações genéticas para sobreviver ao fogo, entre os animais elas não existem.
"Não há espécie da fauna brasileira que esteja adaptada para conviver com incêndios", diz ele. "Isso faz com que o impacto (dos incêndios) seja muito maior para os animais do que para os vegetais. Mas não há estudos sobre isso, então é muito difícil estimar quantos bichos foram mortos."
Ele alerta, no entanto, que o fogo aumenta ainda mais o risco de algumas espécies ameaçadas de extinção desaparecerem, como o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), o tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla) e lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) e algumas aves, como a arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus).
O único levantamento já feito depois dos incêndios foi elaborado pelo Instituto Arara Azul, uma organização não governamental que criou e administra o Refúgio Ecológico Caiman (REC), o maior centro de reprodução da espécie no Pantanal, com 54 mil hectares, onde há atualmente 98 ninhos cadastrados, dos quais 52% naturais e 48% artificiais. "O fogo atingiu nossa fazenda no dia 10 de setembro", conta a bióloga Neiva Guedes, presidente do Instituto e professora do programa de pós-graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional da Universidadade Anhanguera Uniderp (Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal), de Campo Grande.

Saiba mais no G1

Novidades

Na COP30, C&A defende que o futuro da moda nasce no campo

27/11/2025

A indústria da moda, com sua visibilidade e o poder de impactar a autoestima e trazer emoção ao dia ...

Por que parte da maior praia do Brasil está interditada por lama? Entenda

27/11/2025

Cerca de dois quilômetros da Praia do Cassino, em Rio Grande, Região Sul do RS, foram bloqueados apó...

Últimas ararinhas-azuis que estavam na natureza estão com vírus letal sem cura; animal é considerado em extinção

27/11/2025

As últimas 11 ararinhas-azuis que estavam na natureza foram contaminadas com um vírus letal e sem cu...

Transição da pecuária para agroflorestas pode dobrar renda rural

27/11/2025

Na COP30, o agronegócio ganhou destaque. A Agrizone, espaço paralelo coordenado pela Embrapa, reuniu...

Após contrato na COP30, Justiça suspende projeto de créditos de carbono do Amazonas

27/11/2025

A Justiça Federal no Amazonas suspendeu, em decisão liminar, os atos do projeto de geração de crédit...

Brasileiros apresentam na COP30 mecanismo financeiro para restaurar florestas tropicais

27/11/2025

Pesquisadores brasileiros apresentaram na COP30, em Belém (PA), um novo mecanismo de crédito de carb...