12/06/2018
"Antes da chuva", o documentário realizado pelo Instituto Socioambiental (ISA), dirigido por Otávio Almeida, que acaba de estrear em plataformas digitais, dá espaço para os indígenas falarem. Mas eles não estão, desta vez, reclamando seus direitos sobre as terras que lhes são devidas. As câmeras captam, neste filme, a triste constatação de jovens indígenas de que o meio ambiente está sofrendo por causa dos abusos cometidos pela humanidade. O filme revela o olhar dos xinguanos a este impacto e deixa possível uma leitura da distância entre esta vivência sensorial e o conhecimento científico sobre o fenômeno das mudanças climáticas.
A primeira cena, impactante e de uma beleza extraordinária, já deixa muito clara esta experiência peculiar. Nela aparece uma mãe indígena com um bebê no colo enrolado em manta e, ao lado, no chão, outro filho, já mais velho. Venta forte e o grupo está na porta de sua oca, feita de palha e madeira, tentando espantar o vento e a chuva que virá, com uma vassoura nas mãos. A vulnerabilidade dos três chega a ser emocionante. Assim como fica aparente a intimidade que eles têm com fenômenos naturais.
É assim, também, quando a câmera acompanha jovens coletoras de sementes pela floresta. Os protagonistas do documentário fazem parte da Associação Rede de Sementes Xingu, uma rede de trocas e encomendas de sementes de árvores e outras plantas nativas das regiões do Xingu e Araguaia, a maior rede de sementes nativas do Brasil. A facilidade com que tais jovens pegam sementes, com que vão desfolhando os mistérios do ambiente que os cerca, é aparente. Muito, muito diferente do conhecimento adquirido em livros e sites que norteiam pesquisas e relatórios de cientistas e outros especialistas em meio ambiente reunidos em fóruns e conferências do meio ambiente. Não estamos em tempo de menosprezar nenhum saber, portanto a comparação não é preconceituosa. Trata-se de uma constatação.
Está mais do que na hora de ouvir os indígenas para que eles possam mostrar os sinais, cada vez mais claros, das mudanças do clima. E para que eles possam ajudar a desenvolver políticas que, quem sabe, ainda nos poupem de piores fenômenos do que a seca que lhes invade os dias.
Tawa, da Rede de Sementes, põe em palavras o que tem observado quando se lança em campo para fazer a coleta: "Antigamente a gente seguia os sinais, mas não é mais como era", diz ele.
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