20/04/2017
De um lado, uma constelação de nanossatélites capaz de gerar diariamente um mapa completo da Terra. De outro, um cabo submarino com centenas de sensores que coletam informações das profundezas do Oceano Pacífico. Esses são apenas dois exemplos de sistemas observacionais capazes de monitorar, praticamente em tempo real, os mais remotos recantos do planeta. Com o barateamento e a miniaturização das tecnologias e a interconexão com a internet, pesquisadores estão desenvolvendo novas plataformas, capazes de provocar uma revolução sem precedentes no campo científico.
— É uma revolução que vai mudar a forma como a ciência será feita nos próximos 20 ou 30 anos — antevê o geofísico marinho Timothy Crone, líder de uma iniciativa do Lamont-Doherty Earth Observatory, da Universidade Columbia, em Nova York, para a promoção de sistemas observacionais em tempo real. — Essas novas plataformas permitem aos pesquisadores fazer perguntas e obter respostas que não eram possíveis no passado.
O Lamont-Doherty é um dos centros de pesquisa que estão liderando essa revolução. Dados estão sendo coletados por veículos submarinos robóticos e por laboratórios aéreos tão grandes como aviões ou pequenos como drones. O projeto mais audacioso é a Iniciativa Ocean Observatories, uma rede de 89 plataformas com 830 sensores, que fornecem mais de cem mil informações sobre os oceanos Atlântico e Pacífico. O programa inclui cabos submarinos instalados a 2,6 mil metros de profundidade na Costa Oeste americana, para a transmissão de dados coletados numa região de vulcões submarinos; e boias espalhadas que enviam informações via satélite.
— Desde o início da disciplina, a oceanografia trabalha da mesma maneira: o cientista vai de navio até o ponto de interesse, faz suas mensurações por uma ou duas semanas e volta para o escritório para analisar os dados. As ciências da Terra têm sido caracterizadas, na maioria das vezes, por mensurações estáticas. São como fotografias — explica Crone. — Mas os processos são dinâmicos, os sistemas mudam. Um vulcão submarino, por exemplo, pode entrar em erupção e o pesquisador nunca vai saber quando o fenômeno aconteceu, a não ser que ele faça o monitoramento em tempo real. Com esses sensores, nós temos a possibilidade não apenas de tirar uma fotografia, mas de fazer um filme do que está acontecendo.
A matéria pode ser lida em O Globo
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