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Estudo aponta caminhos para Brasil chegar a 2040 em neutralidade climática

11/11/2025

O Brasil tem o potencial de zerar suas emissões líquidas de gases do efeito estufa até 2040, segundo um estudo feito por pesquisadores do país e lançado nesta semana, momento em ocorria a cúpula dos líderes da COP30, em Belém, no Pará.
O estudo foi idealizado pelo Instituto Amazonia 4.0 e financiado pela Sequoia Foundation e pela Rockefeller Brothers Foundation.
O país tem o compromisso, firmado em sua NDC —a meta climática; a sigla em inglês significa Contribuição Nacionalmente Determinada—, de neutralidade de emissões até 2050. Neutralidade significa que tudo o que o país emite é compensado de alguma forma, como pela absorção de gases-estufa por florestas, por exemplo.
Em discurso na reunião do G20, no ano passado, no Rio de Janeiro, o presidente brasileiro Lula (PT) propôs que os países desenvolvidos do grupo antecipem as metas de neutralidade climática para 2040 ou 2045.
O estudo, do qual participam cientistas climáticos de renome, como Carlos Nobre, membro da ABC (Academia Brasileira de Ciências) e do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), aponta dois caminhos possíveis para a neutralidade —também chamada de net zero.
Em um deles, a neutralidade é alcançada ao se focar em agricultura, florestas e uso do solo. Nesse conjunto entra o desmatamento e o agronegócio, que são responsáveis pela maior parte das emissões de gases-estufa brasileiras atualmente.
Nesse ponto, vale mencionar que o Brasil, em sua última meta climática —a NDC citada acima— fala em zerar o desmatamento e eliminar o desmate ilegal, mas não dá uma data para tal situação. Há anos, porém, Lula vem prometendo acabar com o desmatamento até 2030. Análise do Observatório do Clima, porém, aponta que o prometido e o que foi colocado na NDC não estão alinhados.
Segundo o estudo, para alcançar a neutralidade até 2040 seria necessário zerar a supressão de áreas nativas até 2030 —e aqui vale mencionar que o desmatamento no Brasil não ocorre somente na amazônia; o cerrado vem sofrendo com a elevada derrubada de vegetação.
Também seria necessário expandir reflorestamente e restauração de áreas naturais, além do incentivo à agricultura regenerativa.
Esse cenário focado em agro e florestas, segundo o estudo, é o mais sustentável e o mais realista. Para essa possibilidade, seria mantida a produção e exportação de petróleo. O governo Lula, assim como outros anteriores, não demonstra que abrirá mão da exploração dos combustíveis fósseis. Durante a COP30, Lula, inclusive, disse ser válido que países em desenvolvimento direcionarem parte dos lucros com a exploração de petróleo para a transição energética.
A outra opção apontada pelo estudo tem exatamente no setor energético —incluindo, com isso, o petróleo— o ponto central para o Brasil chegar em 2040 com neutralidade de emissões.
Esse cenário requer, porém, a descarbonização da indústria e do setor de transportes, um rápido declínio na demanda por petróleo e expansão de biocombustíveis e de energia renovável, e redução da exportação de petróleo e derivados. Há também menções à necessidade destacada de emprego de BECCS (Bioenergia com Captura e Armazenamento de Carbono) e fechamento de todas as refinarias nacionais que não operem com coprocessamento de biomassa.
Para a concretização desse cenário, também é levada em conta a eliminação do desmatamento ilegal até 2030. Também há necessidade de participação da agropecuária, com sistemas de alta produtividade e com um modesto ganha na área total de vegetação nativa.
A questão desse cenário é que exige a eliminação quase total de energias baseadas em combustíveis fósseis, como o petróleo, sendo assim tido pelo estudo como um cenário mais radical e tecnológico.
"A neutralidade em emissões até 2040 é tecnicamente possível", dizem os autores, no documento. Para isso, o caminho deve ser apoiado na bioenergia, em tecnologias de captura e armazenamento de carbono e em governança territorial integrada.
O documento diz ainda que o esforço para a neutralidade até 2040 exige investimentos inéditos, mas que tem potencial de criação de empregos verdes. Caso se concretize a neutralidade até essa data, dizem os autores, o Brasil se tornará um modelo internacional.
O estudo ainda não foi entregue ao governo, o que deverá ocorrer em breve. Ele também será apresentado na COP30.

Fonte: Folha de S. Paulo

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