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Marcopolo dá guinada brasuca com micro-ônibus híbrido a etanol

28/10/2025

Inspirada na onda global de eletrificação dos veículos, em 2022, a Marcopolo lançou o Attivi Integral, o primeiro ônibus 100% elétrico com chassi desenvolvido por ela mesma. Era um avanço e tanto em termos de tecnologia nacional, com parceria também internacional, para a descarbonização do transporte público.
Porto Alegre fez a primeira aquisição, o modelo chegou a São Paulo, e a expectativa era de que iria bombar país afora —só que não.
"São Paulo, que anunciou interesse em ter 5.000 ônibus elétricos, conseguiu adotar em torno de uns 150, 200 ônibus", lembra o diretor de Engenharia da Marcopolo, Luciano Resner
"O que se constatou é que o ônibus elétrico encontra uma grande dificuldade nas cidades por causa, principalmente, da implementação da infraestrutura de recarga. Não adianta fazer ajustes, é necessário uma mudança pesada. As garagens sofrem até com falta de energia elétrica. Um carro precisa de 50 kWh para carregar, o ônibus, quase 400 kWh —oito vezes mais energia. Uma garagem que tenha de 200 a 300 ônibus vai praticamente precisar ter uma subestação", explica.
A companhia não desistiu. Olhou para história do Brasil e investiu numa eletrificação brasuca —o transporte coletivo elétrico associado ao álcool combustível, algo que ainda não havia saído do laboratório para o mercado com larga escala.
O resultado é o Volare Attack 9 Híbrido, o primeiro micro-ônibus do mundo híbrido a etanol. Ele já foi apresentado em feiras setoriais —Lat.Bus, em 2024, e Busworld Europa 2025, no início de outubro deste ano. A previsão é que esteja nas ruas no segundo semestre de 2026.
A Índia, outro grande produtor de etanol que também enfrenta dificuldades com infraestrutura de recarga de ônibus elétrico, já se mostrou animada com a versão híbrida a etanol. Usinas no Brasil, que acompanharam o desenvolvimento do modelo, também estão interessadas no veículo para fazer o transporte de funcionários.
O Volare Attack 9 Híbrido é movido basicamente por eletricidade. O motor a etanol, de apenas 3 cilindros e 1.0, não é responsável pela tração, mas pela geração de energia elétrica. Funciona como uma espécie de gerador, que entra em operação apenas quando a carga da bateria começa a cair. Assim, o veículo não precisa ser plugado à rede elétrica. Vai se recarregando enquanto está em movimento.
O motor já foi consagrado no mercado. Desenvolvido pelo parceiro Horse, uma divisão da Renault, é usado nos carros pequenos da marca francesa. Com um tanque de 200 litros, o micro-ônibus tem autonomia para rodar 500 km.
O micro-ônibus foi uma espécie de lançamento piloto para a equipe de desenvolvimento conferir o potencial da tecnologia. Em paralelo, a Marcopolo também está criando a versão padrão para o transporte coletivo de passageiros nos grandes centros urbanos, com 12,5 metros e capacidade para levar de 80 e 90 passageiros, em linha com os veículos a diesel.
A apresentação mundial desse novo tipo de ônibus vai ocorrer na COP30, conferência do clima da ONU, em Belém, em novembro. Haverá um protótipo na área da C.A.S.E., o Coletivo de Ação para a Sustentabilidade e o Meio Ambiente, que reúne empresas de diferentes setores.
Resner diz que a tecnologia tem duas grandes vantagens. Primeiro, oferece um modelo praticamente net-zero, já que, na sua cadeia, a emissão é compensada pelo crescimento da cana-de-açúcar. O híbrido a etanol também oferece redução de custos em relação aos ônibus totalmente elétricos.
"Enquanto os ônibus elétricos exigem baterias pesadas, que podem representar até três vezes o custo de um ônibus tradicional a diesel, o nosso modelo híbrido usa menos baterias e conta com a carga contínua gerada pelo motor a etanol, reduzindo consideravelmente o peso e o custo de operação", afirma o executivo.
"Para rodar 250 km, por exemplo, um ônibus puramente elétrico precisa de 3 toneladas e meia de bateria. Para um híbrido é um quarto disso."
Na agenda da COP30, o CEO da Marcopolo, André Armaganijan, vai passar pela zona azul, área reservada a comitivas oficiais, para falar sobre decarbonização do transporte. A empresa também tem ampla agenda de atividades na zona verde, aberta a empresas e diferentes entidades.
A Marcopolo é um exemplo de empresa brasileira globalizada. Fundada há 76 anos, em Caxias do Sul (RS), na Serra Gaúcha, é líder na fabricação de carroceria de ônibus no país e está entre as maiores do mundo.
Tem 11 fábricas, 3 no Brasil e 8 no exterior, em países diversos como China, México, Austrália, Argentina e Colômbia.
Seus veículos rodam em mais de 140 países. Com 15 mil colaboradores, mantém um time de pesquisa e desenvolvimento conectado com universidades e instituições científicas, tecnológicas e de inovação, públicas e privadas.

A série "Economia Verde na Prática" apresenta soluções de mercado que demonstram o potencial das empresas no Brasil para atuarem como protagonistas na descarbonização. As experiências abordadas pelas reportagens foram coletados entre integrantes de duas alianças empresariais criadas para a COP30, a C.A.S.E., que reúne Bradesco, Itaúsa, Itaú-Unibanco, Marcopolo, Natura, Nestlé e Vale, e a Coalizão do Setor Elétrico para a COP30, composta por 73 empresas e oito associações.

Fonte: Folha de S. Paulo

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