
28/10/2025
Em meio à pressão global por metas ambientais mais transparentes e eficientes, o governo brasileiro prepara uma ferramenta inédita para rastrear o ciclo de vida dos produtos e separar discurso de prática quando o assunto é sustentabilidade.
O Recircula Brasil, que será apresentado oficialmente na COP30, em Belém (PA), é uma plataforma pública criada para responder a uma pergunta direta: quando uma empresa diz que usa material reciclado, isso é comprovado?
Desenvolvida pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) junto com a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST), a iniciativa promete estabelecer um padrão de certificação e rastreabilidade para a chamada economia circular.
♻️🌍 ENTENDA: A economia circular busca substituir o modelo de “produzir, usar e descartar” por um ciclo em que tudo é reaproveitado, reduzindo resíduos, prolongando o uso dos produtos e transformando sobras em novos recursos.
A base é técnica, mas o propósito é claro: dar lastro de dados ao setor produtivo e reduzir as incertezas em torno do uso de reciclados.
A ferramenta cruza informações de documentos oficiais, como notas fiscais eletrônicas, e calcula o chamado balanço de massa, o quanto entra e sai de insumos reciclados em cada etapa.
Com isso, emite selos de rastreabilidade e conteúdo reciclado para quem comprovar o uso real do material.
A ideia é transformar o que antes era apenas uma declaração voluntária em uma evidência mensurável e auditável.
“O Recircula Brasil já opera com uma base sólida de dados setoriais, lastreados em documentos oficiais”, afirma Ricardo Cappelli, presidente da ABDI.
Segundo ele, mais de 40 mil toneladas de plásticos reciclados já foram verificadas até janeiro de 2025 pela iniciativa, provenientes de 304 fornecedores em 11 estados e destinadas a 1.497 clientes em todo o país.
O programa, que também foi feito em parceria com a Central de Custódia da Logística Reversa (CCLR), contudo, nasce em um cenário de contrastes dentro da indústria nacional.
Segundo um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a adoção da economia circular no país avança em ritmos muito diferentes.
Enquanto setores como calçados (86%), biocombustíveis (82%) e equipamentos eletrônicos (81%) já incorporam práticas circulares de forma mais estruturada, áreas como a construção civil (39%), as gráficas (40%) e o setor farmacêutico (33%) ainda patinam.
A média nacional esconde ainda um abismo de mais de 50 pontos percentuais entre os segmentos mais avançados e os mais atrasados.
A ABDI defende, porém, que o sistema é um passo inicial para padronizar dados e criar confiança entre compradores e fornecedores.
Mas especialistas ouvidos pelo g1 destacam que a virada depende também de cultura empresarial e de incentivos econômicos.
“O setor precisa encarar a circularidade como elemento central do negócio e parte integrante do processo de tomada de decisão”, avalia Beatriz Luz, presidente do Instituto Brasileiro de Economia Circular (Ibec).
A matéria na íntegra pode ser lida no g1
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