
18/09/2025
O aterro sanitário que recebe o lixo de Curitiba e outras 25 cidades da região quase entrou em colapso no início deste ano. Sem autorização do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) para cortar 9,9 hectares de vegetação no local, o aterro não teria mais condição de receber o lixo produzido diariamente por cerca de 3 milhões de pessoas.
O caso foi parar nas mãos de um juiz federal, que, em seu despacho, afirmou estar diante de uma "escolha trágica", entre a necessidade de ampliação do aterro, sob o risco de uma calamidade pública, e a proteção da vegetação remanescente de mata atlântica e dos animais.
A decisão judicial foi favorável à empresa Estre Ambiental, dona do aterro contratado pelo consórcio dos municípios, mas o episódio expôs desafios complexos, especialmente para a capital paranaense, responsável por 62% do volume de lixo que chega ao local.
Sem a ampliação do espaço, a chamada "vida útil" do aterro terminaria já em março deste ano, mas a supressão da vegetação não resolveu definitivamente o problema. A ampliação emergencial só deu mais 6 anos de atividade no local, o que tem pressionado as administrações na busca por soluções.
Cercada de mananciais na região norte, Curitiba não tem um leque amplo de alternativas para áreas de aterro. Um estudo do Conresol, o consórcio que reúne os 26 municípios da região, concluiu que todos os aterros existentes em um raio de até 300 quilômetros da capital teriam capacidade para, juntos, atender apenas 18% do total do resíduo gerado hoje.
O aterro da Estre fica na cidade de Fazenda Rio Grande, distante cerca de 30 quilômetros de Curitiba, e recebe mais de 2.600 toneladas de lixo por dia.
Agora, o consórcio corre para reduzir a dependência de aterro, tentando colocar em prática o que já estava previsto na própria Política Nacional de Resíduos Sólidos, de 2010. O documento define que o aterro deveria ser a última opção na escala de destinação de resíduos, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento.
"Pensando na realidade de muitos municípios que ainda têm lixão, ter um aterro já é um avanço, mas não deixa de ser um passivo ambiental. Então, a ideia é sair da dependência de aterro com o uso de tecnologias de tratamento de resíduos", afirma a secretária do Meio Ambiente em Curitiba, Marilza Dias.
"Isso nada mais é do que cumprir a legislação nacional, que diz que o aterro deve receber o rejeito do tratamento do resíduo, e não o resíduo bruto", reconhece.
Com o aproveitamento do lixo, a ideia também é reduzir o volume de material que chega no aterro e esticar a vida útil dele, que já tem dois maciços com mais de dez camadas de resíduos depositados –a vegetação ficava entre os dois maciços, formando um corredor verde.
O próprio consórcio estabeleceu uma meta. Até 2030, a intenção é reduzir em 50% a destinação do resíduo bruto que hoje vai para o aterro. Até 2050, 90%.
Segundo Marilza, somente o resíduo orgânico –que poderia virar compostagem, por exemplo– representa mais de 50% do lixo que chega ao aterro. Há outros tipos de resíduos, incluindo um volume estimado de 20% de lixo que podia ter sido reciclado, mas não foi separado previamente e acabou misturado com o lixo comum.
Em Curitiba, a coleta do material separado pela população para reciclagem é entregue para 50 associações de catadores, que fazem uma triagem.
A principal aposta do consórcio para atingir a meta é contratar empresas interessadas em fazer o aproveitamento dos resíduos com tecnologia própria. Um edital de credenciamento já está aberto para receber as propostas.
A própria Prefeitura de Curitiba tenta consolidar uma cadeia de destino de resíduo voltada à produção de CDRU (Combustível Derivado do Resíduo Urbano) para cimenteiras.
A leitura completa desta reportagem pode ser lida na Folha de S. Paulo

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