
18/09/2025
Recuperar rios urbanos parece uma tarefa impossível, mas algumas iniciativas mostram que é viável. O rio Yangtze, o Sena, o Mersey o próprio Chicago são prova disso. Nas cidades por onde eles passam, o poder público, em parceria com iniciativas privadas e sociedade civil, decidiram que vale mais ter um corpo d’água limpo, próprio para nadar e cheio de vida do que manter a conveniência de despejar resíduos e poluir.
Por décadas, o Rio Chicago só ganhava atenção quando suas águas ficavam verdes, durante a celebração do Dia de São Patrício. Mas a situação começou a mudar após a aprovação da Lei da Água Limpa, em 1972. Hoje, ele está prestes a receber nadadores de volta ao seu curso pela primeira vez em mais de cem anos, graças a uma combinação de esforços.
Antes da chegada dos trens à Cidade dos Ventos, barcos e barcaças eram a principal forma de transporte de mercadorias. Para facilitar o tráfego, engenheiros canalizaram o rio, dragando o leito e revestindo-o com paineis de aço. O resultado foi a destruição quase total da vegetação e da vida selvagem das margens, deixando apenas algumas espécies de peixes tolerantes à poluição sobrevivendo em uma gigantesca calha de metal e concreto.
O despejo de lixo humano e industrial era comum, e boa parte da arquitetura histórica ao longo do rio não possui janelas voltadas para ele. “Na verdade, o rio era o beco. Era nojento. Você não olhava para ele, nem pensava nele. Você jogava aquela água fora”, disse Krystina Kurth, coordenadora de ações de conservação do Aquário Shedd de Chicago, ao Inside Climate News. “Você tinha todas as janelas voltadas para o lago, mas o rio não era algo que você gostasse de ter por perto.”
O Aquário Shedd foi central na recuperação do Rio Chicago. Com a proibição de despejos não autorizados pela Lei da Água Limpa, os dejetos humanos — que contêm coliformes fecais e excesso de nutrientes como nitrogênio e fósforo — passaram a ser controlados. Esses nutrientes causam proliferação de algas, que cegam e sufocam outras formas de vida aquática.
Parar de despejar resíduos foi apenas o começo. Milhões de dólares foram investidos na modernização de sistemas de armazenamento de águas pluviais e esgoto, por meio do Programa de Túneis e Reservatórios. Organizações como a Urban Rivers também ajudaram a resgatar espécies selvagens e a engajar o público na conservação. Seu parque ecológico Wild Mile, com quase um quilômetro de extensão, criou trilhas e docas que funcionam como boias para todo um ecossistema subaquático que a antiga caixa de aço do Rio Chicago não podia oferecer.
O resultado é evidente: antes havia cinco espécies de peixes registradas, hoje são 77, além de tartarugas mordedoras e mexilhões de água doce que encontraram novo habitat na Wild Mile. O braço norte do rio também impulsiona o mercado imobiliário. Antigos imóveis industriais foram transformados em escritórios e casas de shows, beneficiados por águas que agora dão vida em vez de tirá-la. O Rio Chicago deixou de ser tóxico, parou de cheirar mal e passou a oferecer um espaço agradável para caminhar, relaxar e se reconectar com a cidade.
Fonte: CicloVivo

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