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Lagoas poluídas em área olímpica expõem avanço imobiliário sem saneamento no Rio; veja vídeo

11/09/2025

Vista do alto, a lagoa do Camorim, na zona oeste do Rio de Janeiro, oferece uma visão idílica do Complexo Lagunar de Jacarepaguá, com a união de suas águas verdes às escuras do rio Arroio Fundo.
Navegando, o forte cheiro deixa claro que tudo é esgoto. O biólogo Mário Moscatelli, que acompanha a degradação das lagoas há mais de 30 anos, resume de forma direta.
"É a mistura de merda pura com cianobactéria. Você tem a causa de um lado e a consequência. Do alto é visualmente muito interessante. Do ponto de vista ambiental, é uma catástrofe", disse ele.
Composto por quatro lagoas e destino das águas de 21 rios e canais, o complexo sofre com o lançamento irregular de esgoto desde o avanço da indústria imobiliária formal e informal na década de 1970 em direção à Barra da Tijuca e seu entorno. Favelas e condomínios avançaram sobre a área sem qualquer infraestrutura sanitária.
Os edifícios foram autorizados sob a condição de instalarem estações de tratamento de esgoto próprias. A solução paliativa teve irregularidades e falhas na fiscalização, afirma o promotor José Alexandre Maximino, coordenador do Gaema (Grupo de Atuação Especializada em Meio Ambiente do Ministério Público).
"O laboratório contratado pelo condomínio ia lá para colher a amostra para apresentar aos órgãos ambientais. Depois que o laboratório saía, algumas estações eram desligadas para economizar energia ou produto químico", disse o promotor.
Ao longo dos anos, a infraestrutura de esgoto foi instalada, mas muitos condomínios até hoje não se conectaram à rede. As favelas se ampliaram com a exploração por grupos criminosos das moradias irregulares. A região foi a que ganhou mais moradores na cidade nos últimos anos.
A qualidade da água nos cerca de 13 km² de espelho d´água se assemelha aos piores índices da Baía de Guanabara.
"A ocupação dessa região repetiu mesmos erros das áreas mais antigas do Rio", afirmou Moscatelli.
O cenário é agravado pelo lixo lançado nos rios, acumulando sofás, pneus e outros detritos sobre o tapete verde de cianobactérias.
Essa vista é compartilhada por classes sociais distintas, indo desde os moradores da favela da Muzema, área sob conflito entre a milícia e o Comando Vermelho, até os do condomínio Península, onde residem o governador Cláudio Castro (PL) e o ex-prefeito Marcelo Crivella (Republicanos). Ambos margeiam a lagoa da Tijuca.
Entre as promessas para a preparação das Olimpíadas de 2016 estava um investimento de R$ 673 milhões na dragagem dos sedimentos acumulados ao longo de anos. As obras não saíram do papel em razão de suspeitas em sua licitação.
Em 2023, uma mortandade de cinco toneladas de peixes simbolizou a catástrofe ambiental. A pesca na região, atualmente, resume-se à tilápia, espécie resistente à poluição.
"Depois dos Jogos Olímpicos, eu praticamente tinha entregue os pontos. Eu disse: ´Vamos lutar por inércia, mas o sistema lagunar não vai sair dessa situação´. Felizmente, veio o novo marco do saneamento e, com ele, os recursos financeiros", disse Moscatelli.
O biólogo atualmente é consultor da concessionária Iguá, que venceu a licitação da concessão de saneamento básico da área. Além do compromisso de ampliar a coleta de esgoto para 90% da região (atualmente em 70%, de acordo com dados oficiais) até 2033, o contrato prevê investimento emergencial de R$ 125 milhões para reduzir o despejo de esgotos nos rios, por meio dos chamados coletores de tempo seco.

A reportagem na íntegra pode ser lida na Folha de S. Paulo

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