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Estocagem de carbono é menos útil do que se imaginava no combate às mudanças climáticas

09/09/2025

Menos dióxido de carbono pode ser armazenado com segurança no subsolo do que se pensava anteriormente, segundo cientistas.
O apontamento coloca em evidência os riscos de depender de uma tecnologia ainda não desenvolvida na escala necessária para atingir as metas climáticas globais.
Pesquisadores do Imperial College London e de outras instituições publicaram, nesta quarta-feira (4), um artigo revisado por pares na revista Nature alertando que o gás de efeito estufa corre risco de vazar de volta para a atmosfera após ser injetado no subsolo.
O risco de terremotos, falhas de engenharia ou disputas territoriais significa que menos de 1.500 gigatoneladas poderiam ser armazenadas com segurança —muito abaixo das estimativas anteriores que eram de até 40 mil gigatoneladas.
Com base nos cenários analisados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, conforme estabelecido no Acordo de Paris de 2015, exigiria o sequestro de 8,7 gigatoneladas e CO₂ por ano.
O nível de armazenamento necessário ultrapassaria o limite seguro estabelecido pelos cientistas, dependendo da velocidade com que a tecnologia for implantada.
A captura de carbono deve ser vista como um "recurso escasso" e não como "uma solução ilimitada para restaurar o clima a um nível seguro", disse Joeri Rogelj, um dos autores do estudo e diretor de pesquisa do Instituto Grantham do Imperial College, que também foi um dos autores principais do relatório especial do IPCC sobre o aquecimento de 1,5°C.
Segundo ele, os formuladores de políticas devem usar o armazenamento de carbono para limitar os efeitos do aquecimento global e não desperdiçá-lo compensando emissões contínuas e evitáveis de CO₂ provenientes da geração de eletricidade por combustíveis fósseis ou motores de combustão obsoletos.
Planos climáticos nacionais que visam atingir emissões líquidas zero em até 25 anos —como os do Reino Unido e dos EUA— dependem, em diferentes graus, da remoção de CO₂ da atmosfera e de seu armazenamento subterrâneo.
Essas estratégias também incluem processos naturais, como reflorestamento ou melhoria da saúde do solo, mas essas soluções armazenam CO₂ de forma menos duradoura.
Grandes poluidores, como Microsoft e Amazon, estão entre os que investem em projetos de remoção de carbono baseados em tecnologia, que capturam CO₂ do ar ou durante a queima de biomassa ou combustíveis fósseis para geração de energia, ou ainda de processos industriais.
Como esses projetos geralmente precisam armazenar o CO₂ capturado no subsolo, o potencial de escala da indústria é limitado por questões de custo, engenharia, disponibilidade de terrenos geologicamente estáveis e consequências não intencionais, como a poluição de águas subterrâneas por ácido carbônico.
Tom Kettlety, pesquisador da Universidade de Oxford, afirmou que os membros sérios da indústria já estão cientes e são transparentes quanto a essas limitações. Os resultados do estudo na Nature "ainda apoiam —mesmo com suposições pessimistas— que há recursos de armazenamento suficientes para várias décadas rumo ao net zero".
Uma vez removido da atmosfera, o CO₂ é geralmente armazenado em campos de petróleo e gás esgotados ou em formações rochosas naturais. Rússia, EUA, China, Brasil, Arábia Saudita e Austrália possuem grandes áreas com potencial de armazenamento seguro, de acordo com o estudo.
Para minimizar vazamentos, o estudo recomenda injetar o CO₂ entre 1 km e 2,5 km de profundidade no subsolo, ou em profundidades oceânicas de no máximo 300 metros, em áreas de baixa atividade sísmica, longe de reservatórios de água, áreas ambientalmente protegidas ou regiões disputadas.

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