
28/08/2025
Passar tempo na natureza pode ser essencial para entender o que realmente importa na vida. Um novo estudo da Universidade de Turku, na Finlândia, publicado na revista científica People and Nature, revela como a conexão com ambientes naturais promove o bem-estar e ajuda as pessoas a identificarem valores fundamentais para uma vida com mais significado.
A pesquisa adotou uma abordagem multimétodo para examinar o impacto da natureza no chamado bem-estar eudaimônico: uma forma de bem-estar baseada em propósito, crescimento pessoal e realização interior.
“Queríamos explorar como a natureza apoia a autoaceitação, o propósito de vida, os relacionamentos positivos, o crescimento pessoal e a autonomia, bem como a gestão da vida. Isso se chama bem-estar eudaimônico e pode ser considerado em contraste com o hedonismo: enquanto o hedonismo se concentra em prazeres de curto prazo, a eudaimonia se aprofunda em um bem-estar mais longo e profundo”, explica Joha Järekari, pesquisadora de doutorado da Universidade de Turku.
A equipe de geógrafos da Universidade de Turku entrevistou 158 participantes finlandeses por meio de uma pesquisa e selecionou 20 pessoas para workshops de escrita criativa, todos residentes de Turku, cidade costeira no sudoeste da Finlândia. O objetivo era entender como diferentes faixas etárias experimentam a natureza e como isso impacta seu senso de identidade e bem-estar emocional.
Apesar de algumas diferenças entre gerações, um ponto de convergência foi claro: a natureza oferece um espaço de aceitação e ausência de julgamento. “Embora houvesse algumas diferenças entre as diferentes faixas etárias em como passavam o tempo na natureza e em que tipos de lugares, elas também compartilhavam muitas experiências. O que ambas as faixas etárias tinham em comum era, entre outras coisas, a sensação de que a natureza não julga nem critica, o que teve um efeito positivo na autoaceitação dos participantes”, afirma Järekari.
Os ambientes naturais despertaram nos participantes um forte senso de conexão – consigo mesmos, com outras pessoas e até com o mundo natural. “Passar tempo e praticar atividades na natureza trouxe à tona o que era realmente importante para os participantes em suas vidas. Isso aumentou a autonomia e teve um impacto positivo no crescimento pessoal. Os participantes relataram que ficou mais fácil entrar em contato consigo mesmos, com outras pessoas e com outras espécies”, completa a pesquisadora.
Entre os jovens de 15 a 24 anos, a natureza foi valorizada como um espaço de solidão e expressão pessoal. Já os adultos com mais de 60 anos destacaram o valor das conexões intergeracionais, como momentos com netos na natureza, longe de dispositivos eletrônicos.
“Os participantes com mais de 60 anos, em particular, sentiram que era importante fortalecer as conexões intergeracionais, passando tempo e sendo ativos na natureza…”, explica Järekari. Além disso, a espiritualidade foi mais presente entre os mais velhos, que muitas vezes relataram sentir-se parte de um “todo maior” ao estarem em ambientes naturais.
Um aspecto interessante revelado pelo estudo é o conflito emocional causado pelas mudanças ambientais. Apesar da sensação de permanência e estabilidade que a natureza transmite, os sinais da crise ecológica geram desconforto, especialmente entre os jovens. “Eles sentiram uma forte sensação de serem parte do problema, por assim dizer, por serem parte da humanidade, o que desafiou sua autoaceitação”, diz Järekari.
A natureza como pilar do bem-estar humano
O estudo conclui que a natureza influencia profundamente não apenas o humor momentâneo, mas também aspectos essenciais da identidade humana. “Nossa pesquisa revela o impacto da natureza no bem-estar das pessoas em um nível mais profundo do que o alívio do estresse ou as emoções positivas…”, afirma Järekari.
Para Salla Eilola, pesquisadora de pós-doutorado da mesma universidade, é fundamental incluir a natureza no centro das decisões sociais e urbanísticas. “É importante fomentar uma discussão pública mais aprofundada sobre o significado da natureza para as pessoas. Consequentemente, essas questões também podem ser levadas em consideração na tomada de decisões e, por exemplo, no planejamento urbano, onde a natureza ainda, infelizmente, muitas vezes precisa dar lugar ao ambiente construído”, conclui.
Fonte: CicloVivo

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