
06/02/2025
Após uma jornada de um ano e meio de aprendizado e inovação, os produtos desenvolvidos durante o Desafio ‘O Grande Redesenho de Alimentos’, promovido pela Fundação Ellen MacArthur em parceria com o Sustainable Food Trust, foram oficialmente apresentados em evento realizado no dia 30 de janeiro em São Paulo. O Desafio convidou empresas de todo o mundo a criar ou redesenhar produtos alimentícios usando os princípios da economia circular, com o intuito de regenerar a natureza. Ao todo, foram desenvolvidos 141 produtos por 57 empresas, em 12 países.
No Brasil, 11 empresas aceitaram o desafio e chegaram à fase final da jornada: Amazônia Agroflorestal, Amazonika Mundi, Bebajapí Bebidas Fermentadas, Cuíca, Horta da Terra, Mahta, Nude, Nutricandies, Puravida, Santa Food e Viva Regenera. As inovações incluem um cereal proteico feito à base da biomassa da aveia; blend proteico em pó com ingredientes da floresta amazônica, como o cogumelo Yanomami e a castanha-do-Brasil; creme adoçante de mel de cacau; pão de mel com recheio à base de doce de biomassa de banana verde; e muitos outros.
Os produtos submetidos ao desafio foram desenvolvidos com base no modelo de design circular de alimentos, que propõe critérios de escolhas de ingredientes, fornecimento e embalagem para que o resultado final ajude a natureza a prosperar. O modelo sugere que sejam priorizados ingredientes mais diversos em espécies e culturas; o uso de coprodutos alimentares; a escolha de ingredientes que geram menor impacto ambiental; e que a maioria desses sejam produzidos com práticas que regeneram a natureza. Além disso, as embalagens desses produtos devem seguir os princípios da economia circular, isto é, evitar a geração de resíduos e poluição e ser feita de materiais que possam circular na prática e em escala.
“O Desafio ‘O Grande Redesenho de Alimentos’ foi uma forma de demonstrar que é possível desenvolver produtos priorizando o resultado positivo que eles trarão para a natureza. Isso é fundamental para desencadear uma mudança no nosso atual sistema de alimentos, para que ele deixe de ser um dos principais contribuintes para as mudanças climáticas e para a perda de biodiversidade e passe a ser parte da solução a esses desafios”, afirma Luisa Santiago, diretora executiva para a Fundação Ellen MacArthur na América Latina. “Essa jornada de inovação também é um convite para que outras empresas de alimentos vejam que é possível desenvolver produtos que são bons para as pessoas e para a natureza e comecem a repensar o seu portfólio com base no design circular de alimentos”, completa.
Lançado em 2023, o Desafio ‘O Grande Redesenho de Alimentos’ se originou a partir do relatório de mesmo nome, que analisou o papel que as empresas de bens de consumo de não duráveis e os varejistas de alimentos podem ter rumo a um sistema de alimentos que gere impactos positivos para os negócios, as pessoas e o meio ambiente. O relatório demonstrou como as empresas poderiam pensar o seu portfólio de produtos de modo a desencadear mudanças positivas no campo em termos de aumento de biodiversidade, captura de carbono, melhoria da qualidade da água, ar e solo e diminuição da pressão sobre a terra. A partir dessa análise, foi apresentado o modelo do design circular de alimentos como uma ferramenta para colocar em prática essa mudança.
O Desafio surgiu para mostrar como essa reformulação de produtos poderia acontecer na prática. A jornada se dividiu em três etapas. Na primeira, a fase de design, as empresas participantes tiveram a oportunidade de assistir a uma série de webinars com especialistas em economia circular para aprender sobre o design circular de alimentos e formular o conceito dos seus produtos. As ideias que atendiam os critérios do Desafio passaram para a segunda etapa, a fase de produção, na qual as empresas desenvolveram o produto na sua totalidade.
Na fase de produção, 19 startups e PMEs foram contempladas com um subsídio total de £570.000 (aproximadamente R$4.101.725), sendo £30.000 (aproximadamente R$215.880) por empresa, para ajudar na execução das suas propostas de produtos. Entre as contempladas, destacaram-se quatro empresas brasileiras: Bebajapi Bebidas Fermentadas, Horta da Terra, Mahta e Nutricandies.
Para Santiago, “as empresas partiram de estágios diferentes no desenvolvimento dos seus produtos. Algumas já estavam avançadas no seu modo de escolher ingredientes e fornecedores, enquanto outras começaram do zero. Esse subsídio foi um auxílio para garantir que as boas ideias de fato se concretizassem.”
A fase de produção também contou com a participação ativa do Grupo Carrefour Brasil, um dos apoiadores varejistas do Desafio. Por meio de orientações individuais, a empresa compartilhou o conhecimento e experiência do varejo e da relação direta com consumidores como forma de auxiliar os participantes a criarem opções que não fossem apenas viáveis, mas também mais acessíveis e contribuíssem com o aprendizado e conscientização do consumidor.
“Somos um elo entre quem produz os alimentos e nossos consumidores brasileiros. Ser esse elo é também poder contribuir para evoluções e novas abordagens de produção e de consumo. O que nos move é colaborar com toda cadeia até o consumidor final para oferecer alimentos de qualidade socioambiental de maneira acessível aos brasileiros e brasileiras”, afirma a diretora sênior de Sustentabilidade do Grupo Carrefour Brasil, Susy Yoshimura.
A fase de exibição, que foi iniciada no último dia 30, apresenta ao público os produtos finais, que começam a ficar disponíveis aos consumidores em diversos países. Os apoiadores varejistas que, além do Grupo Carrefour Brasil, incluem Quitanda, Casa Rica, Waitrose, Abel & Cole e Fortnum & Mason, escolherão alguns dos produtos do Desafio para estarem nas suas prateleiras. Tais criações poderão ser identificadas pelos consumidores por meio do selo “Aliado da natureza”.
Fonte: CicloVivo

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