
06/02/2025
No nordeste de Minas Gerais, bem na divisa com a Bahia, a recuperação da mata atlântica tem brotado pelas mãos de indígenas, um povo que já foi expulso dessa região séculos atrás, mas que reconquistou parte de seu território e, aos poucos, resgata a floresta e suas tradições.
Há um ano e meio, 30 homens indígenas carregados de bolsas com sementes, mudas e kits agrícolas passaram a semear o solo da Terra Indígena Maxakali e outras terras demarcadas da região, em suas diversas aldeias.
Neste curto espaço de tempo, recuperaram 150 hectares de mata atlântica com vegetação nativa. Outros 60 hectares deram vida a quintais agroecológicos, com frutas e verduras.
De grão em grão, o povo tikmũ’ũn-maxakali ajuda a manter de pé o que resta da mata atlântica, bioma que abrange cerca de 15% do território nacional, em 17 estados, e que é o lar de 72% dos brasileiros.
Dessa região dependem diversos serviços essenciais, como abastecimento de água, regulação do clima, agricultura, pesca, energia elétrica e turismo, mas hoje, como mostram os dados da Fundação SOS Mata Atlântica e do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), só restam apenas 24% da mata que existia originalmente e apenas 12,4% são florestas maduras e bem preservadas.
Por trás do exemplo indígena está o Projeto Hãmhi - Terra Viva, idealizado por um grupo de pesquisadores indígenas e não indígenas, em parceria com o Instituto Opaoká e apoiado pelo Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente, do Ministério Público de Minas Gerais.
A iniciativa se dá em aldeias localizadas nos municípios mineiros de Santa Helena de Minas, Bertópolis, Ladainha e Teófilo Otoni, uma das regiões que mais aqueceram no Brasil nos últimos anos, conforme análise do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais).
Por meio de termos de compromisso assinados entre o Ministério Público mineiro e empresas que precisam fazer acertos ambientais, recursos são repassados para financiar o programa. Os indígenas, que atuam como agentes agroflorestais, recebem uma bolsa mensal de R$ 600 para fazer o replantio da floresta.
Além da formação dos agentes indígenas, o projeto inclui a construção dos chamados viveiros-escola. Nesses espaços educativos, que são descritos pelas mulheres tikmũ’ũn como o "útero da floresta", são produzidas as mudas destinadas ao reflorestamento e aos quintais agroflorestais.
São 16 viveiristas —13 mulheres e 3 homens—, que recebem bolsa mensal de R$ 700, com apoio do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). As mulheres indígenas, como viveiristas, lideram as atividades, normalmente acompanhadas por suas crianças.
"Os territórios maxakali foram invadidos ao longo da história. A mata atlântica foi devastada, principalmente, pela pecuária extensiva. Os territórios tradicionais foram tomados pelo capim. As consequências na vida dos tikmũ’ũn foram muitas, porque passaram a não ter mais acesso a água boa, alimento, bicho, sombra, matéria-prima para fazer casa, fogo, artesanato. Muitos problemas sociais surgiram", diz Luana Lazzeri Arantes, coordenadora executiva do Projeto Hãmhi.
"Essa iniciativa foi construída para trazer a mata, os bichos e a cidadania de volta. Para fortalecer a cultura tikmũ’ũn, reflorestar o território, produzir alimentos agroecológicos."
O projeto iniciado em junho de 2023 tem validade de dois anos. Nos próximos meses, os organizadores querem apresentar uma nova proposta, para tentar renovar a iniciativa.
A reportagem na íntegra pode ser lida na Folha de S. Paulo

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