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Sete rios e afluentes na Terra Yanomami estão contaminados por mercúrio usado em garimpos

31/10/2024

Sete rios na Terra indígena Yanomami e três afluentes deles estão contaminados por mercúrio e têm peixes com alto índice de contaminação. É o que aponta uma projeção da WWF-Brasil, organização não governamental voltada para a preservação do meio ambiente, divulgada nessa quarta-feira (30).
Os rios são Parima, Uraricaá, Amajari, Apiaú, Uraricoera, Mucajaí e o Couto de Magalhães. As afluentes são Auaris, Trairão e Ereu, na bacia do rio Uraricoera.
Eles ficam próximos de áreas de garimpo ilegal, onde os invasores usam o metal durante a extração de minérios. A bacia do Uraricoera é a via fluvial mais usada pelos garimpeiros para entrar na Terra Yanomami, e o rio Mucajaí, um dos mais afetados pela atividade ilegal no território.
O estudo da WWF-Brasil usa um modelo baseado na probabilidade, desenvolvido pela Agência Ambiental Americana (U.S. Environmental Protection Agency – USEPA), para projetar a distribuição e bioacumulação de mercúrio em grandes bacias amazônicas a partir do destino ambiental do mercúrio.
A concentração do metal foi analisada com base nos dados do Observatório do Mercúrio, uma plataforma desenvolvida pelo WWF-Brasil em parceria com outras instituições.
"Um dos grandes desafios de se estudar a Amazônia é a escassez de dados amostrais. O estudo de modelagem ajuda a enfrentar esse desafio, contribuindo com o entendimento da dinâmica do mercúrio em um bioma tão complexo e sensível através de outras fontes de informação", explica Vitor Domingues, analista ambiental e um dos pesquisadores responsáveis pelo estudo.
Usado por garimpeiros para separar o ouro de outros sedimentos e, assim, deixá-lo "limpo", o mercúrio é um metal altamente tóxico ao ser humano. Após ser usado, ele é depositado nos rios — processo que passa pela evaporação do material e circulação na atmosfera, causando poluição ambiental. Além disso, entra na cadeia alimentar dos animais e afeta diretamente a saúde da população, principalmente os povos tradicionais.
➡️ O estudo apontou que o rio Uraricoera e o Mucajaí apresentam um maior potencial de bioacumulação de mercúrio em peixes, com valores acima de 0,31 microgramas por grama (μg/g) para peixes não-piscívoros (que comem alimentos de origem vegetal) e 1,79 μg/g para piscívoros, que se alimentam exclusivamente de outros peixes — os valores estão acima do limite aceitável de 0,5 µg/g, estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os rios Parima, Uraricaá e Amajari, e afluentes como Auaris, Trairão e Ereu na bacia do Uraricoera também apresentaram alto potencial de bioacumulação. Na bacia do rio Mucajaí, se destacam o rio Apiaú e o Couto de Magalhães.
Localizada em Roraima e no Amazonas, a Terra Yanomami é o maior território indígena do Brasil em extensão territorial e enfrenta uma crise sanitária e humanitária causada pelas ações do garimpo ilegal. O território abriga 31 mil indígenas, que vivem em 370 comunidades.
Em 2022, um laudo da Polícia Federal sobre contaminação dos rios na Terra Indígena Yanomami revelou que quatro rios da região estavam altamente contaminados por mercúrio, com nível 8600% superior ao estipulado como máximo para águas de consumo humano.
À época foram analisadas amostras das águas correntes dos rios Couto de Magalhães, Catrimani, Parima e Uraricoera, todos próximos a garimpos ilegais.
Em abril de 2024, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto Socioambiental (ISA) também apontaram que em 9 comunidades Yanomami, 94% dos indígenas têm alto nível de contaminação pelo metal. As comunidades que participaram da pesquisa ficam às margens do rio Mucajaí.
O ciclo de contaminação do mercúrio começa com o processo de amalgamação, técnica que faz com o ouro e o mercúrio se fundam em uma liga metálica para que o metal precioso possa ser extraído "limpo".
Depois, a liga é aquecida, fazendo com que o mercúrio evapore e passe a circular na atmosfera. Segundo o estudo, a maior parte do mercúrio gasoso é "guardada" nas árvores próximas ao garimpo e depois depositada no solo.
Na análise dos pesquisadores, a maior parte do mercúrio que chega aos rios é absorvido nas partículas do solo. O desmatamento de árvores, por exemplo, acelera o processo de erosão e, consequentemente, a deposição de metal tóxico nos rios.

A matéria na íntegra pode ser lida no g1

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