UERJ UERJ Mapa do Portal Contatos
Menu
Home > Atualidades > Notícias
COP16: como restaurar e proteger a biodiversidade?

17/10/2024

Começa no próximo dia 21 de outubro, na cidade de Cali, na Colômbia, a 16ª COP de Biodiversidade, com a missão de avaliar se o progresso feito até aqui é suficiente para o alcance das metas do Marco Global de Biodiversidade (GBF, na sigla em inglês). O GBF prevê 23 metas a serem alcançadas até 2030, o que torna os próximos seis anos cruciais para o futuro do nosso planeta, além de quatro objetivos gerais para 2050.
Depois de anos negociando um acordo global que permita reverter a tendência acentuada de perda da biodiversidade em todo o planeta, esta é a primeira vez que os países se reúnem para falar de ação: a implementação do GBF é o objetivo central desta conferência.
“A COP16 é a primeira conferência na qual os negociadores não estarão mais negociando um acordo, mas sim tratando de sua implementação. Ora, não existe implementação sem os recursos financeiros, técnicos e humanos. Essa questão, portanto, é fundamental para as ações necessárias nos próximos cinco anos, que são cruciais para revertermos a queda generalizada de biodiversidade no planeta”, alerta Mauricio Voivodic, Diretor-executivo do WWF-Brasil.
Na semana passada, o WWF lançou a mais recente atualização do Relatório Planeta Vivo, que mostra que o tamanho médio das populações de vida selvagem monitoradas sofreu uma catastrófica redução de 73% em apenas 50 anos (1970-2020). O documento alerta que a Terra se aproxima de pontos de não retorno perigosos, que representam graves ameaças para a humanidade.
De acordo com os autores, um grande esforço coletivo será necessário nos próximos cinco anos para enfrentar as crises climática e de biodiversidade.
“Não há como falar de biodiversidade sem o fortalecimento e o reconhecimento da importância dos povos indígenas, quilombolas e das comunidades tradicionais na conservação da biodiversidade. Por isso, é essencial que os Estados busquem mecanismos que facilitem o acesso dessas populações a recursos financeiros e técnicos para projetos e iniciativas locais que promovam a conservação e a gestão sustentável da biodiversidade”, destaca Mauricio Voivodic, Diretor-executivo do WWF-Brasil.
O WWF-Brasil recomenda que o Brasil – um dos países com a mais rica e diversa biodiversidade do planeta – reafirme seu apoio às metas do Marco Global, atuando de maneira a liderar uma visão balanceada dos objetivos da Convenção de Biodiversidade (conservação, uso sustentável e repartição dos benefícios associados aos conhecimentos tradicionais e financiamento), e alinhados com a proteção e recuperação de ecossistemas críticos e a conservação da biodiversidade.
“Não podemos esquecer que o Brasil é uma forte voz do Sul global, onde a maioria dos países depende de financiamento externo para viabilizar seus planos. Nesse sentido, uma postura forte em defesa das nações menos desenvolvidas é necessária para ajudar a destravar um ponto crítico desta conferência: o financiamento”, completa Michel Santos, Gerente de Políticas Públicas do WWF-Brasil.
O WWF-Brasil espera também um comprometimento dos países, em integrar as metas globais de biodiversidade nas políticas e estratégias nacionais propostas e já existentes. É necessária uma abordagem coerente e efetiva integrando as agendas de clima e biodiversidade a partir, por exemplo, de sua incorporação nos novos compromissos voluntariamente determinados (NDC, na sigla em inglês) que o país deverá apresentar na Convenção do Clima da ONU.
A restauração de ecossistemas desempenha um papel crucial na reversão da perda de biodiversidade, na melhoria dos serviços ecossistêmicos, no apoio a meios de subsistência sustentáveis e na contribuição para a mitigação das mudanças climáticas. Por isso, o WWF-Brasil incentiva que a restauração seja promovida como agenda prioritária para implementação do GBF para além da Meta 2 (Restaurar 30% de todos os ecossistemas degradados), sendo promovida como uma agenda integradora de compromissos globais de biodiversidade, clima e desertificação.
Para vários países do mundo, no entanto, assumir e implementar compromissos de reversão da perda de biodiversidade exige rapidez, clareza e robustez no financiamento.
Para Michel Santos, Gerente de Políticas Públicas do WWF-Brasil que tem acompanhado as conferências da ONU para biodiversidade, “o Brasil será observado com lupa pelos demais países, dada a relevância deste acordo para nosso país, já que na extensão continental de nosso território estão biomas com representatividade considerável na biodiversidade mundial. O Cerrado, por exemplo, abriga 5% da biodiversidade do planeta. Na Amazônia, que também é um bioma crítico para a estabilidade climática da Terra, temos outros 10%”.
A COP15 de Biodiversidade adotou uma Estrutura de Monitoramento Global parcialmente completa, definindo indicadores para medir o progresso em direção à realização do GBF. Infelizmente, o documento que segue para a COP16, após um extenso trabalho entre as sessões, ainda contém lacunas importantes, em particular nos indicadores principais, sobre os quais todos os países devem relatar. Por isso, o WWF-Brasil incentiva as partes a adotarem indicadores principais para todas as metas que atualmente não têm como ser avaliadas, já que algumas das 23 metas do GBF ainda não possuem indicadores estabelecidos.
Também durante a COP15, foi iniciada negociação sobre o Programa de Trabalho sobre Uso Sustentável da Biodiversidade Marinha e Costeira da CDB para que ela seja integralmente incorporada ao GBF, e foi continuada a descrição e/ou modificação das Áreas Marinhas Ecologicamente ou Biologicamente Significativas (EBSAs, em inglês). O WWF-Brasil incentiva que ambos os documentos sejam finalizados e adotados na COP16 e que sejam incorporados indicadores adequados à biodiversidade marinha e costeira no quadro de monitoramento da implementação.
O encontro em Cali será o primeiro momento de observação e análise sobre as Estratégias e Planos de Ação Nacionais de Biodiversidade – EPANB, em português, ou NBSAP, na sigla em inglês. Uma análise importante será entender se as NBSAPs apresentadas pelos países respondem, com o nível de ambição necessária, aos desafios globais de conservação da biodiversidade e se garantem, de forma coletiva, o alcance das metas do GBF. Até o momento, esse não parece ser o caso.
Uma revisão feita pelo WWF revelou que a maioria dos países não está cumprindo totalmente seus compromissos de interromper e reverter a perda da natureza até 2030. A poucas semanas do início da conferência, o saldo é de pouco mais de 20 NBSAPs (ou 10% dos países) revisados e cerca de 60 metas nacionais revisadas publicadas. O Brasil está entre os países que não apresentaram sua estratégia e plano de ação nacional de biodiversidade.
O mapeamento do WWF também avalia as metas nacionais publicadas por 33% dos países. Muitos parecem omitir maneiras claras e consistentes de medir o progresso. Sem isso, poderíamos ver uma falta de responsabilização durante a implementação dos planos — o que foi uma das principais falhas das Metas de Aichi de 2011 a 2020.

Termine de ler esta reportagem acessando o CicloVivo

Novidades

Aconteceu de novo: homem é flagrado carregando tartaruga marinha em praia na Zona Sul do Rio

23/10/2025

Dez meses após cena parecida no Flamengo, um homem foi flagrado transportando uma tartaruga marinha ...

Café do Brasil desmatou área de duas São Paulo em 25 anos, diz pesquisa

23/10/2025

A cafeicultura brasileira foi responsável direta pelo desmatamento de ao menos 313 mil hectares de f...

Projeto de reciclagem de resíduos eletrônicos ajuda escolas e projetos sociais no Amapá

23/10/2025

Computadores, impressoras, monitores e outros equipamentos eletrônicos que seriam descartados estão ...

Brasil lança ação para cortar plásticos no setor de alimentos e bebidas

23/10/2025

As embalagens do setor de alimentos e bebidas respondem por cerca de 40% do consumo global de plásti...