
24/09/2024
Nos últimos dias, o fenômeno conhecido como “chuva preta” vem preocupando a população brasileira. O evento ocorre quando nuvens de chuva encontram a fuligem das queimadas. Como o Brasil vem enfrentando um período longo de queimadas, o problema foi registrado em cidades do Sul e pode ocorrer em outras regiões do país.
Em cidades do estado de Santa Catarina, como Canoinhas e Três Barras, a água das chuvas deixou piscinas com coloração escura. Agora, existe a possibilidade de o fenômeno atingir outras áreas, como São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro, onde a previsão de chuvas pode trazer essa precipitação contaminada.
As queimadas em todo o país têm elevado a quantidade de poluentes na atmosfera. O mês de agosto de 2024 foi o pior em dez anos em termos de incêndios florestais, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Com a chegada das chuvas, o contato entre a fuligem e a precipitação pode gerar essa “chuva preta”, que carrega sérios riscos.
A chuva preta acontece quando a fuligem de queimadas, cinzas e a concentração de compostos contaminados na atmosfera se misturam com a umidade e se precipitam sob forma de chuva, alterando a coloração da água, segundo o meteorologista Augusto José Pereira, do Departamento de Climatologia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo.
Diego Freitas, analista químico e membro da Ouvidoria-Geral do Conselho Federal de Química (CFQ), explica o fenômeno e suas implicações. “Esse fenômeno, que tem sido chamado de ‘chuva preta’, resulta da influência de uma elevada quantidade de poluentes presentes na atmosfera, decorrente das queimadas observadas nas últimas semanas. Quando esse material particulado se mistura com a água da chuva, a precipitação pode adquirir coloração escura e gerar contaminações ambientais e à saúde, como irritações e intoxicações”, detalha.
O fenômeno da chuva preta é bem mais comum do que se imagina. Antes de ocorrer no Brasil, ela já havia sido registrada no Uruguai e na Argentina. Além disso, evento semelhante já havia sido registrado em agosto de 2019, na última grande queimada registrada na região Centro-Oeste do país.
Ainda assim, o fenômeno é mais frequente no Hemisfério Norte, onde a poluição é maior. Já em São Paulo, “a chuva ácida é a mais comum, justamente pela queima de combustíveis fósseis e dos poluentes da indústria”, explica o meteorologista.
Freitas também alerta para os riscos à saúde. “Quando essa água contaminada entra em contato com pessoas ou animais, pode provocar problemas como irritações na pele, nos olhos e no sistema respiratório, além de intoxicações graves, caso seja ingerida”, explica. O especialista alerta que, neste caso, a água não deve ser aproveitada em hipótese alguma para consumo, sendo altamente recomendado que a população evite ao máximo o uso dessa água, tanto para banhos quanto para atividades domésticas, como a limpeza.
Apesar da expectativa de que a chuva traga alívio temporário para a fumaça no ar, especialistas alertam que o fenômeno é momentâneo. A fuligem deve continuar afetando o clima nas próximas semanas, enquanto as queimadas persistem em diversas regiões do Brasil. Por outro lado, mesmo estando poluída, ao entrar no solo ela se torna limpa novamente justamente por passar em filtros naturais como terra e folhas.
Fonte: CicloVivo
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