03/09/2024
Estima-se que cerca de oito milhões de toneladas de plásticos entrem no oceano anualmente, afetando a vida marinha e entrando na cadeia alimentar humana. Além disso, o plástico já está presente no ar, na água, no solo e nos órgãos humanos. Diversas organizações ambientais apontam que a reciclagem não resolve o problema como um todo, mas é importante para reduzir a poluição. Acontece que a reciclagem global é de apenas 9% do plástico produzido, segundo a ONG Center for Climate Integrity, o que, é consequência de diversas escolhas e desafios. Um novo método, entretanto, promete melhorar significativamente a reciclagem de plástico.
Descoberto por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Berkeley (EUA), o processo transforma resíduos plásticos em vapor para a fabricação de novos plásticos. A técnica é eficaz tanto com polietileno, presente na maioria das sacolas plásticas de uso único, quanto com polipropileno, material mais rígido usado em itens como potes, frascos de iogurte e seringas descartáveis, por exemplo. O método também é eficiente na degradação de misturas desses plásticos.
Para os cientistas, se ampliado, o novo processo poderia ajudar a trazer uma economia circular para muitos plásticos descartáveis. Com os resíduos plásticos convertidos de volta em monômeros usados para fazer polímeros, seria reduzida a dependência de petróleo para a produção de novos plásticos e, consequentemente, diminuiria as emissões de gases de efeito estufa.
Ainda segundo os pesquisadores, garrafas plásticas transparentes de água feitas de polietileno tetraftalato (a famosa garrafa PET), foram projetadas na década de 80 para serem recicladas dessa forma, porém o volume atual de polietileno e polipropileno, chamados de poliolefinas, é infinitamente maior.
“Temos uma quantidade enorme de polietileno e polipropileno em objetos cotidianos, de lancheiras a garrafas de sabão em pó e frascos de leite — muito do que está ao nosso redor é feito dessas poliolefinas”, diz John Hartwig, professor de química da UC Berkeley que liderou a pesquisa.
Os plásticos de polietileno e polipropileno representam aproximadamente dois terços dos resíduos plásticos pós-consumo globalmente. Infelizmente, cerca de 80% desses plásticos acabam em aterros sanitários, são incinerados ou descartados de maneira inadequada, frequentemente se fragmentando em microplásticos. O restante é reciclado em produtos de baixo valor, como decks, vasos de flores e utensílios descartáveis.
Para enfrentar esse problema, pesquisadores têm explorado métodos para transformar plásticos reciclados em materiais de maior valor, como monômeros, que podem ser polimerizados para criar novos plásticos. O processo, defendem, promoveria a economia circular.
No centro deste processo químico, está o uso de catalisadores sólidos, mais baratos e duráveis. Catalisadores metálicos (caros e solúveis) foram substituídos por um catalisador de sódio em alumina e outro de óxido de tungstênio em sílica.
“Os dois catalisadores juntos transformaram uma mistura quase igual de polietileno e polipropileno em propileno e isobutileno — ambos gases em temperatura ambiente — com uma eficiência de quase 90%. Para polietileno ou polipropileno sozinhos, o rendimento foi ainda maior”, explica a UC Berkeley em comunicado à imprensa.
Conk adicionou aditivos plásticos e diferentes tipos de plásticos à câmara de reação para ver como as reações catalíticas eram afetadas por contaminantes. Pequenas quantidades dessas impurezas mal afetaram a eficiência de conversão, mas pequenas quantidades de PET e cloreto de polivinila — PVC — reduziram significativamente a eficiência. Isso pode não ser um problema, no entanto, porque os métodos de reciclagem já separam os plásticos por tipo.
Ainda foram testados aditivos plásticos e diferentes tipos de plásticos na câmara de reação, descobrindo que pequenas quantidades de impurezas não afetaram significativamente a eficiência. No entanto, a presença de PET e cloreto de polivinila (PVC) reduziu a eficiência de conversão de forma significativa.
Para John Hartwig, embora muitos pesquisadores visem redesenhar os plásticos para facilitar sua reutilização, os plásticos difíceis de reciclar continuarão a ser um problema nos próximos anos.
“Pode-se argumentar que deveríamos eliminar o polietileno e o polipropileno em favor de materiais circulares. Mas o mundo não fará isso por décadas e décadas. As poliolefinas são baratas e têm boas propriedades, tornando-as amplamente utilizadas”, pontua Hartwig. “As pessoas dizem que se pudéssemos descobrir uma maneira de torná-las circulares, seria um grande negócio, e foi isso que fizemos. Agora é possível imaginar uma planta comercial dedicada a essa tecnologia”, finaliza.
Os detalhes do processo você encontra, em inglês, no CicloVivo
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