29/08/2024
Quando falamos sobre a paz que o “silêncio” da natureza nos traz, estamos falando da ausência de barulhos humanos e da harmonia deliciosa de sons como o canto dos pássaros, as árvores e o vento, uma queda da água ou das ondas do mar. Tudo isso está acima do solo, em um ambiente natural. O que pouca gente sabe é que abaixo do solo, em um solo saudável, também existe uma verdadeira orquestra viva.
Um novo estudo, publicado no Journal of Applied Ecology, descobriu que o solo emite sons variados, como cliques, estalos e barulhos de minhocas e formigas se movendo por baixo do chão em que pisamos. Esta sinfonia é quase inaudível para os humanos e, segundo os pesquisadores da Universidade Flinders da Austrália, é “um pouco como um show rave underground de bolhas e cliques”.
Os cientistas fizeram gravações especiais para registrar e revelar a mistura de sons gerados por pequenas espécies de animais que interagem neste vasto e oculto ambiente.
“Nossa equipe de pesquisa desenvolveu uma maneira simples de usar o som para monitorar a vida no solo, o que pode ajudar a melhorar a saúde do solo em todo o mundo”, disse o Dr. Jake Robinson, ecologista microbiano do Frontiers of Restoration Ecology Lab da Faculdade de Ciências e Engenharia da Universidade Flinders, principal autor do estudo.
Os ecossistemas subterrâneos são universos à parte. Para se ter uma ideia da sua importância e complexidade, 59% das espécies da Terra vivem nesses ambientes.
“Embora ainda em seus estágios iniciais, essa ‘ecoacústica’ está emergindo como uma ferramenta promissora para detectar e monitorar a biodiversidade do solo. A ferramenta tem sido usada em matagais australianos e outros ecossistemas no Reino Unido”, disse Robinson.
O professor explica que quanto mais biodiversidade, maior “a complexidade e diversidade acústicas. Elas são significativamente maiores em áreas reflorestadas e com vegetação remanescente do que em áreas limpas. A complexidade e diversidade acústicas também estão significativamente associadas à abundância e riqueza de invertebrados do solo”.
A equipe de pesquisa usou uma câmara de atenuação sonora e um dispositivo de amostragem subterrâneo para registrar comunidades de invertebrados que vivem no solo, que também foram contadas manualmente.
Para Robinson, como 75% dos solos do planeta foram degradados e não foram restaurados, as espécies subterrâneas enfrentarão um futuro terrível.
“Esse número pode aumentar para 90% até 2050 devido ao desmatamento, pastoreio excessivo, urbanização e outras práticas destrutivas”, alerta coautor Dr. Martin Breed , professor associado de biologia na Universidade Flinders, e coautor do estudo.
“Tal degradação representa riscos significativos, não apenas para a biodiversidade, mas também para os serviços ecossistêmicos dos quais os humanos dependem, como a produção de alimentos”, alerta o cientista.
O estudo comparou dados do monitoramento acústico da vegetação remanescente com terras e parcelas degradadas que haviam sido restauradas 15 anos antes. “É um pouco como ir ao médico. Eles colocam um estetoscópio no seu peito, fazem um check-up de saúde, ouvem seu coração batendo… estamos fazendo algo semelhante no solo”, disse Robinson.
Os pesquisadores usaram uma variedade de índices e ferramentas no monitoramento acústico passivo da biodiversidade do solo ao longo de cinco dias nas colinas de Adelaide, na região de Mount Bold, no sul da Austrália.
“É claro que a complexidade acústica e a diversidade de nossas amostras estão associadas à abundância de invertebrados do solo – de minhocas, besouros a formigas e aranhas – e parece ser um reflexo claro da saúde do solo. Todos os organismos vivos produzem sons, e nossos resultados preliminares sugerem que diferentes organismos do solo produzem diferentes perfis sonoros dependendo de sua atividade, forma, apêndices e tamanho”, explicam os pesquisadores.
“Esta tecnologia é promissora para atender à necessidade global de métodos mais eficazes de monitoramento da biodiversidade do solo e proteger os ecossistemas mais diversos do nosso planeta. Restaurar e monitorar a biodiversidade do solo nunca foi tão importante”, alerta Robinson.
Fonte: CicloVivo
Parque da Tijuca lança pista de mountain bike para crianças
21/11/2024
Desmatamento na Mata Atlântica cai 55% no primeiro semestre
21/11/2024
Maior peixe do mundo é flagrado por pesquisadores pela 1ª vez no mar do ES
21/11/2024
Recorde de queimadas no pantanal nos últimos anos ameaça espécie de cobra exclusiva do bioma
21/11/2024
Área queimada no Brasil de janeiro a outubro equivale ao território de Tocantins
21/11/2024
Máquina de ´dessalinização´ das águas é instalada no Arquipélago do Bailique, no AP
21/11/2024