
19/09/2023
Projetos de preservação de florestas tropicais não servem para compensar emissões de carbono e uma abordagem diferente deveria ser aplicada para, de fato, proteger ecossistemas críticos para o planeta, como a Amazônia e a Bacia do Congo, aponta pesquisa da Universidade da Califórnia em Berkeley financiada pela ONG Carbon Market Watch.
O estudo, divulgado em reportagem publicada na sexta-feira (15) pelo jornal britânico The Guardian, baseou-se na análise de créditos de carbono em florestas tropicais certificados pela Verra, operadora do principal padrão internacional nesse mercado, e concluiu que os impactos ambientais alardeados são exagerados e os resultados, "questionáveis" do ponto de vista climático.
Alguns projetos, inclusive, não ofereceriam garantias de segurança a comunidades locais vulneráveis.
Por esses motivos, os pesquisadores argumentam que os créditos de carbono não são instrumentos adequados para a compensação das emissões de carbono por parte de empresas.
O projeto avaliou critérios de qualidade do sistema de créditos de carbono da Verra, entre eles a durabilidade e a contabilidade de carbono florestal, bem como as salvaguardas para as comunidades locais.
A maioria dos créditos, segundo o estudo, não teve impacto positivo sobre o clima, além de subestimar o risco de deslocamento do desmatamento para outras áreas. A fiscalização do cumprimento das regras da empresa para a geração de créditos de carbono também seria deficiente. Alguns projetos teriam até mesmo provocado o deslocamento de comunidades vulneráveis ou as feito perder território.
O mercado de carbono é incensado por entusiastas da medida como uma solução viável para conter as mudanças climáticas e a destruição da biodiversidade. Empresas alegam poder neutralizar assim suas emissões, pagando pelo sequestro de carbono em florestas em outros lugares do mundo ou evitando o desmatamento em regiões ameaçadas —essas, frequentemente, localizadas em países em desenvolvimento no Sul Global.
Especialista em políticas públicas da Carbon Market Watch, que financiou o estudo, Inigo Wyburd afirma que "falta credibilidade" e "confiabilidade" aos projetos em análise.
"Empresas estão compensando suas emissões de forma barata comprando créditos de carbono de baixa qualidade ligados a projetos de proteção de florestas no Sul Global", criticou Wyburd em pronunciamento publicado no site da ONG. Segundo ele, "só 1 em cada 13 créditos de carbono representa uma redução real de emissões", o que torna a medida inócua.
Os parâmetros duvidosos de qualidade, segundo a entidade, têm a ver com "metodologias elásticas". "Por exemplo, a pesquisa mostrou que as metodologias usadas para estimar o nível de desmatamento que se espera que ocorra na ausência de um projeto de conservação podem levar a resultados que variam em mais de 1.400% entre as maiores e as menores estimativas. Uma margem dessas oferece um potencial enorme a donos de projetos para explorar a flexibilidade e manipular o sistema."
A matéria na íntegra pode ser lida na Folha de S. Paulo

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