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Resíduos do tratamento de esgotos viram fertilizante na UFLA

02/04/2024

Água e esgoto são pilares fundamentais e interligados: enquanto a água limpa e potável representa a própria existência humana, o tratamento adequado do esgoto é o contraponto que preserva sua pureza e evita contaminações. Na Universidade Federal de Lavras (UFLA), uma pesquisa buscou caracterizar resíduos do tratamento preliminar da Estação de Tratamento de Esgotos da Instituição (ETE/UFLA), que ficam retidos já no início do tratamento, com o propósito de identificar possíveis formas de aproveitamento, em vez do descarte em aterros.
A análise revelou que os resíduos eram, em sua maioria, material orgânico e solo, o que possibilitou que fossem utilizados como adubo e substrato para a produção de plantas.
“Das possibilidades que foram avaliadas para o aproveitamento dos resíduos, os melhores resultados obtidos foram na adubação, ou seja, na aplicação como fertilizante desse material, que apresentava características de solo de textura média a argiloso, com presença de matéria orgânica e macro e micronutrientes”, afirmou Henrique Louregiani Carvalho Pinto Filho, responsável pelo estudo.
O pesquisador é servidor técnico-administrativo da ETE/UFLA e mestre egresso do Programa de Pós-Graduação em Tecnologias e Inovações Ambientais. Segundo ele, o uso de resíduos na adubação de vasos com capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum) resultou em um ótimo crescimento da planta em um curto espaço de tempo, “superior até mesmo à adubação mineral”, pontuou.
Outro possível benefício é reduzir os custos de transporte (dos resíduos) para aterros sanitários, além de menor desperdício de recursos e maior economia com o uso de fertilizantes para a produção de plantas.
Henrique ainda explica que resíduos grosseiros são, muitas vezes, inadequadamente descartados na rede de esgotos de cidades e instituições. Papéis e plásticos, bem como materiais que acabam sendo encaminhados junto com a água de limpeza, como areia, chegam até as ETEs, o que altera as possibilidades de aproveitamento. Esses materiais não foram encontrados em grande quantidade na composição dos resíduos removidos durante o tratamento preliminar da ETE/UFLA, o que está diretamente ligado à conscientização dos estudantes, servidores e demais frequentadores do câmpus.
“Com a pesquisa, foi possível observar que a comunidade acadêmica possui hábitos corretos de descarte de resíduos sólidos, em lixeiras e não em aparelhos com ligação à rede de esgotos, como vasos sanitários e pias. O fato de terem sido encontradas na ETE/UFLA baixas porcentagens de papéis, plásticos, trapos e outros tipos de resíduos grosseiros, ou seja, de grandes dimensões, evidencia as boas práticas oriundas da conscientização das pessoas e das medidas implementadas pelo Plano Ambiental da Instituição”, ressalta.
Dada essa composição dos resíduos, a melhor opção foi o uso na produção vegetal, algo comprovado nos ensaios em campo com os vasos cultivados. “Porém, em outras ETEs, nas quais há maior presença de materiais inadequadamente descartados na rede de esgotos, outras alternativas podem se mostrar igualmente ou, até mesmo, mais indicadas, como possíveis usos na construção civil e na geração de energia”, diz Henrique.
Futuros estudos serão importantes para a avaliação do impacto do fertilizante elaborado em outras plantas, mas os resultados encontrados são promissores.

Fonte: CicloVivo

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