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´Não é a geosmina que faz a água sair suja da torneira´, diz especialista

14/01/2020

A geosmina nada tem a ver com a água turva que chega às casas de moradores do Rio e menos ainda pode ser responsabilizada por casos de problemas intestinais, alerta a professora titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Sandra Azevedo. Ela é uma das maiores especialistas do país em cianobactérias e efeitos de poluição da água na saúde. Ela destaca que a população deveria ter acesso aos resultados detalhados de análises da água que consome.

O que é a geosmina?
É uma molécula, um organoclorado volátil. Por isso, o cheiro se torna facilmente percebido quando em concentração elevada. É produzida por actinobactérias do solo ou cianobactérias aquáticas.

A geosmina é perigosa para a saúde?
Ela é considerada pouco tóxica, não traz risco. Mas pode alterar o cheiro e o gosto da água. São Paulo enfrenta esse problema há cerca de três décadas na Represa Guarapiranga, por exemplo.

Como saber se a água de casa tem geosmina?
Bem fácil. Aqueça a água, se tiver geosmina, como é volátil, o cheiro será percebido.

Como se remove a geosmina?
Somente com carvão ativado.

E o cloro é usado para quê?
Para desinfecção da água após o tratamento convencional. E tem que ser usado com muita cautela porque cloro acima de 2ppm reage com o PVC das tubulações domésticas e produz trihalometanos, altamente cancerígenos.

A geosmina deixa a água turva?
Não. Jamais. Ela é transparente, incolor. Não é a geosmina que faz a água sair com cor de suja da torneira. E nada tem a ver com casos de adoecimento dos quais se queixa a população.

E o que pode deixar a água turva?
Sujeira. A turbidez é um indicador muito conhecido e usado de qualidade da água. Uma forma barata de identificar risco de giardíase e criptosporidíase, ambas infecções intestinais.

Essa água pode ser distribuída?
Água cor de barro não pode ser distribuída e, obviamente, a Cedae sabe disso.

Que testes foram realizados?
Não sabemos que testes exatamente foram feitos e que laboratório os fez, usando quais parâmetros. Não tenho conhecimento que o estado do Rio tenha laboratórios públicos oficiais para detectar geosmina. E como há floração de cianobactérias, é preciso saber se estão fazendo contagem delas e análise de cianotoxinas.

Como saber se a água de casa está própria para consumo?
Só mesmo com testes. Mas a água precisa ser coletada da canalização da Cedae que chega ao imóvel e não da torneira. Se não, a empresa poderá alegar que o problema é do imóvel e não da água que fornece.

Como a senhora vê o problema do saneamento no Brasil?
A falta de saneamento é uma tragédia para a saúde da população, uma vergonha nacional. Há casos emblemáticos. Americana, em São Paulo, por exemplo, capta água 500 metros abaixo do local onde é lançado o esgoto de Campinas. Isso é o mesmo que beber água do vaso sanitário. Uma prova pública de ignorância de gestão.

E no Rio de Janeiro?
O sistema é esquizofrênico. O Rio Guandu atual é artificial (o pequeno curso d´água original foi aumentado com a transposição do poluído Paraíba do Sul). Nele chegam rios extremamente poluídos, mortos, sem oxigênio na água, como o Ipiranga e o Queimados. Eles drenam a Baixada Fluminense e recebem todo tipo de esgoto, industrial e doméstico. São puro esgoto. Lançam toda essa sujeira no Guandu, também antes da captação da água para tratamento. Essa água precisa ser extremamente tratada para se tornar potável.
O mais surreal é que a mesma empresa, a Cedae, é responsável pela gestão do esgoto e da água. Não faz sentido algum. É um tiro no pé. E não é de hoje, mas a situação se agrava à medida que a população aumenta. Para onde vai a sujeira decantada pela estação de tratamento do Guandu? Rio abaixo. Isso é também desperdício.

O que falta?
Boa gestão e vontade política. O Brasil tem conhecimento técnico de ponta, gente bem preparada.

O cidadão do Rio sabe que água consome?
Claro que não. As pessoas querem água tratada, mas não têm ideia de onde ela veio, como foi tratada. Essas informações deveriam ser transparentes, totalmente acessíveis, inclusive as muito técnicas. Esquecemos que somos consumidores. Pagamos pela água que consumimos. E, pior, não podemos nem escolher outra fonte por falta de alternativa. Se você acha que, por exemplo, um refrigerante tem problemas, pode comprar outro, não consumir. Com a água não há essa opção. A água distribuída é dita potável, portanto, nenhum cidadão deveria ter que se preocupar com a que recebe mediante pagamento.

Fonte: O Globo

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