10/01/2019
O endereço muda, mas os sinais de abandono do Rio se repetem. Podem aparecer na forma de lixeiras improvisadas, de uma placa de concreto em meio ao lixo no Canal da Avenida Visconde de Albuquerque, no Leblon, de árvores sem poda que escondem sinais de trânsito e da própria sinalização, às vezes, quebrada, que, além de evidenciar a precariedade urbana, oferece sério risco a pedestres e motoristas.
Para tentar mudar a percepção de que o município está malcuidado, a prefeitura lançou esta semana um programa de mutirões para responder às muitas queixas dos moradores. A ideia do projeto Cuidar da Cidade é reunir, a partir das muitas reclamações que chegam ao serviço 1746, os problemas por áreas de forma a atacá-los em ações que integram agentes de órgãos diferentes, como Comlurb, CET-Rio, Secretaria de Conservação, entre outros.
O objetivo é otimizar resultados já que o passivo é grande. No terceiro ano da gestão de Marcelo Crivella, o balanço do 1746, considerando apenas o ano passado, revela uma defasagem entre os pedidos da população e o que o município consegue efetivamente atender. A central de teleatendimento tinha na quarta-feira 90.068 queixas em aberto. A maioria delas na Tijuca, em Campo Grande e em Bangu. O levantamento do ano passado mostra que, sem uma ação rápida, muitas reclamações ficam para trás. De um total de 854 mil ligações, 253 mil não foram atendidas. Ou seja, um carro estacionado irregularmente numa via, por exemplo, com a demora da resposta, pode ser retirado antes da chegada do agente da prefeitura.
Apesar de ter sido anunciado que as prioridades dos mutirões serão os bairros com os maiores números de casos acumulados no 1746, a prefeitura iniciou a novidade por Rocha Miranda, na Zona Norte, que sequer aparece no ranking de 18 áreas com mais queixas. O secretário da Casa Civil, Paulo Messina, explicou que se trata de um projeto-piloto, para avaliar quanto custará a medida.
Uma equipe do GLOBO circulou por bairros das zonas Norte e Sul. Há muito trabalho pela frente. Na Praça Zózimo Barroso do Amaral, no Posto 12 (Leblon), os brinquedos estão enferrujados e quebrados. Perto dali, em pleno verão, a paisagem era de outono na Avenida Visconde de Albuquerque com pilhas de folhas secas amontoadas, indicando que a varredura é feita, mas os resíduos não são recolhidos com frequência. Na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, uma cesta semelhante à usada em bicicletas virou lixeira. No calçadão do Leme, o desleixo fica visível diante de pedras portuguesas soltas e bancos com vergalhões à mostra.
A falta de cuidado foi notada pela historiadora paranaense Silvia Cristina de Lima, que levou sua filha Maria Paula, de 11 anos, para andar de bicicleta naquele trecho:
— Esta é a minha quarta vez na cidade, e vejo que ela está visivelmente bem mais decadente.
No Centro, a situação não é diferente. Na Praça da Cruz Vermelha, os canteiros estão cobertos de entulho, e os equipamentos destinados a pessoas da terceira idade, quebrados. Já o autônomo Geraldo Coutinho, de 51 anos, não mora na lua, mas tem uma cratera na porta de casa. Um buraco está aberto há três meses na calçada em frente à casa dele. Mas ali o problema é de competência. O morador diz que a prefeitura perfurou o trecho para investigar um vazamento e, ao descobrir que era da Cedae, o deixou no mesmo lugar. Nada foi feito.
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