16/08/2018
Quando, em 1936, o pesquisador Mathias de Oliveira Roxo encontrou dois dentes e uma tíbia que supostamente pertenceriam a um crocodilo pré-histórico, o achado se transformou no maior enigma da paleontologia brasileira. O estudioso analisou as características das peças e as identificou como pertencentes a uma espécie até então desconhecida. Por associar as características das presas a animais que só se havia registrado no hemisfério norte, Roxo teve a descoberta menosprezada. Seu Goniopholis paulistanus foi colocado na categoria "nomem dubium", ou seja, uma espécie pré-histórica sobre a qual ainda não se tem evidências o suficiente para comprovar a existência.
Oitenta e dois anos depois, arqueólogos brasileiros encontraram mais restos mortais que se encaixam no padrão encontrado por Roxo. A descoberta preenche uma lacuna debatida desde a primeira metade do século XX por especialistas de todo o mundo sobre os fósseis associados à fauna do final do Cretáceo — período da pré-História entre 145 milhões e 66 milhões de anos atrás.
Pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) revelaram, em estudo publicado na revista científica Plos One, que os fósseis de mandíbula e dentes recém-encontrados em rochas da Formação Presidente Prudente, no sudoeste de São Paulo, têm cerca de 70 milhões de anos. Os fósseis pertenciam a um gênero totalmente diferente dos outros animais pré-históricos já identificados no local. O animal foi batizado de Roxochampsa paulistanus, em homenagem a Mathias de Oliveira Roxo.
— Roxo só errou ao identificar as características como ligadas a espécimes que viviam no hemisfério norte. Esse táxon, de fato, está aparentado com animais terrestres do sul. Curiosamente, esse espécime se destaca por ser de uma família que retornou ao hábito de águas continentais, são semiaquáticos — conta André Eduardo Piacentini Pinheiro, professor do Departamento de Ciências da Faculdade de Formação de Professores da Uerj, responsável pela análise dos fósseis encontrados.
Pinheiro explica que o animal tinha de 2,5 metros a 4 metros de comprimento e que sua cabeça tinha aproximadamente 40 centímetros. As características de sua mandíbula indicam que o Roxochampsa paulistanus tinha uma dieta variada, que incluía peixes, tartarugas e caranguejos.
— Seus dentes possuem estrias que vão de baixo para cima e que são marcadas profundamente, indicam que ele conseguia comer animais com estruturas de proteção, como tartarugas — conta Pinheiro.
encontradas em nenhuma outra espécie do hemisfério sul - PLOS one
Segundo a pesquisa, essas marcas encontradas nos dentes "não são encontradas em nenhum outro crocodiliforme extinto proveniente da América do Sul".
No artigo, escrito em parceria com estudiosos da UFRJ (Laboratório de Macrofósseis, Laboratório de Interação Nuclear da COPPE e Museu Nacional), os pesquisadores da Uerj estimam que o animal tenha vivido na mesma região e época do maior dinossauro brasileiro, o Austroposeidon magnificus.
Fonte: O Globo
ONU combate fake news sobre mudanças climáticas no TikTok
25/04/2024
Entenda o que é a captura de carbono que limpa o ar em escala industrial
25/04/2024
Turbinas eólicas trazem energia limpa e beleza para áreas urbanas
25/04/2024
Na amazônia equatoriana, borboletas são ´termômetros´ das mudanças climáticas
25/04/2024
Crise do clima dá fôlego a propostas de geoengenharia para bloquear radiação solar
25/04/2024
Diante da lentidão dos países em reduzir as emissões de CO₂, a Humanidade vem flertando com te...
A planta usada como alternativa ao papel higiênico na África e nos EUA
25/04/2024