15/05/2018
Quando se pensa em Amazônia, o que vem à cabeça é a floresta, considerada como o pulmão verde do planeta. Mas o que poucos sabem é que a aproximadamente 500m de profundidade no oceano, na costa entre o Maranhão e o Amapá, uma enorme extensão de recifes de coral abriga um ecossistema marinho igualmente rico em biodiversidade de fauna e flora. A descoberta foi relatada em artigo publicado no final de abril, por pesquisadores brasileiros, na revista Frontiers in Marine Science.
O interesse da comunidade científica internacional foi imediato: em apenas dois dias, a publicação bateu o recorde de visualizações e downloads da revista: cerca de 400 mil. Segundo um dos autores da pesquisa, o professor Carlos Eduardo de Rezende, do Laboratório de Ciências Ambientais do Centro de Biociências e Biotecnologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), esses recifes de corais formam uma espécie de corredor submerso, que até onde os pesquisadores puderam analisar, se espalha por cerca 56 mil quilômetros quadrados.
“Mas há indícios de que essa área seja ainda maior e que se estenda até o Caribe. Trata-se de um ecossistema único, que abriga uma grande riqueza da fauna e flora, além de recursos minerais”, afirma Rezende, que é Cientista do Nosso Estado, da FAPERJ. Ele assina o artigo, que recebeu o título Perspectives on the Great Amazon Reef: Extension, Biodiversity, and Threats, ao lado de pesquisadores de diversas instituições brasileiras e do Greenpeace.
Iniciado em 2015, o projeto a princípio contou com uma parceria com as universidades americanas de Washington e da Geórgia. O interesse dos pesquisadores americanos era estudar o fictoplâncton – aqueles pequenos organismos marinhos, que têm o mesmo papel das florestas: fazem fotossíntese e são os responsáveis pela produtividade primária do oceano. Mas os brasileiros resolveram ir além e estudar também os sedimentos de fundo.
Como já havia sido relatada a ocorrência de um parcel (material rochoso) na costa em frente ao Pará e Maranhão, os pesquisadores resolveram percorrer a costa de mar entre Barbados e Belém. “Na ocasião, puderam constatar uma grande extensão de formações calcáreas, os chamados rodolitos, e a presença de espécies que caracterizariam formações coralinas”, conta Rezende.
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