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Áreas particulares ´engolem´ 43% dos quilombos em região onde presidente da República cresceu

16/09/2021

Um levantamento inédito apontou que quase 400 propriedades privadas no Vale do Ribeira, no sul do estado de São Paulo, estão registradas em terrenos que pertencem a comunidades quilombolas.
O estudo, feito pelo ISA (Instituto Socioambiental) em parceria com o Conaq (Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas), mapeou os registros de CAR (Cadastro Ambiental Rural) da região e mostrou que ao menos 393 imóveis privados incluem como sua propriedade parte de 29 comunidades quilombolas reconhecidas no Vale do Ribeira.
Além disso, o documento diz ainda que quase metade das áreas dos quilombolas (43%) na região registram sobreposições com imóveis privados.
Desde 2012, quando o Código Florestal foi alterado, o CAR passou a ser obrigatório para todos os imóveis rurais do país e, apenas com ele, o proprietário tem acesso aos benefícios previstos no código, como financiamento de crédito e guia de trânsito animal.
No estado de São Paulo, a inscrição dos territórios quilombolas no CAR é de atribuição do Itesp (Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo). O documento, porém, foi criado sem pensar nessas comunidades, afirma o advogado do ISA Fernando Prioste
“Com a pressão dos ruralistas, foi alterada a legislação para atender o interesse deles e não o da população geral. Os quilombos não vivem naquela porção de terras como um fazendeiro, eles usam as terras de forma coletiva”, diz.
Existe um módulo de CAR federal exclusivo para a inscrição de comunidades tradicionais, mas ele não foi adotado no estado, segundo Rodrigo Marinho, morador da comunidade de Ivaporunduva e articulador da Eaacone (Equipe de Articulação e Assessoria às Comunidades Negras).
Segundo Prioste, a situação de sobreposição de registros privados com áreas quilombolas gera dois problemas.
O primeiro é de caráter fundiário, já que a presença de pessoas de fora da comunidade impede que os quilombolas façam uso desse território, criando um um impasse para o plantio e para a construção de casas. Já a segunda questão é de caráter ambiental, uma vez que as sobreposições de terras geram um conflito sobre onde ficarão as áreas de preservação daqueles territórios.
O Vale do Ribeira tem histórico de conflitos agrários. Também é na região que fica a cidade de Eldorado, na qual o presidente Jair Bolsonaro passou a maior parte da infância e da juventude. Durante uma palestra em 2017, o então pré-cadidato disse que não iria titular e nem marcar um centímetro de terra indígena ou quilombola se fosse eleito — o que gerou críticas dos quilombolas.
“Quando o presidente diz que não vai reconhecer território remanescente de quilombo, ele está dizendo para 54% da população que não nos considera passíveis de direito”, lamenta Zulu Araújo, ex-presidente da Fundação Palmares durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, citando a parcela da população que se identifica negrda, de acordo com dados do IBGE.
Para ele, ainda há uma falta de compreensão a respeito dos direitos quilombolas no país. “Os quilombos surgem pela necessidade de garantir o bem elementar do ser humano que é a liberdade. Eles eram afastados das cidades porque suas vidas estavam em risco.”
No total, o Vale do Ribeira reúne 33 comunidades certificadas pela Fundação Cultural Palmares, sendo que 29 destas são reconhecidas pelo Itesp como um território remanescente de quilombo —no resto do estado, existem apenas outros 7 locais com essa classificação.

A reportagem completa pode ser lida na Folha de S. Paulo

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