16/09/2021
No coração da Amazônia, veias têm sido abertas, cada vez em maior escala, com exploração de madeira, desmatamentos e queimadas. Essa destruição coloca em risco o bloco da floresta amazônica até então mais preservado.
O avanço da devastação no estado do Amazonas preocupa pesquisadores. Eles apontam que o momento de agir para impedir a pulverização dos danos na área é agora.
A situação é apavorante, diz Marco Lentini, coordenador-sênior de projetos do Imaflora. “Pode virar uma tragédia.”
A expansão da derrubada da floresta no Amazonas fica visível nos dados atualizados constantemente pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Agosto de 2021 é um exemplo. Foi o mês com o maior número de queimadas já registrado no estado do Amazonas. Com 8.588 focos de calor, agosto deste ano superou o recorde anterior, agosto de 2020, que, por sua vez, tinha superado agosto de 2019.
O fogo na Amazônia e em outros biomas brasileiros tem uma relação muito próxima com o desmatamento, sendo usado, costumeiramente, como última etapa do processo de desmate, para queimar a vegetação derrubada e, assim, limpar a área.
Ou seja, sem escapar do ditado, onde há fumaça, há fogo —e é provável que tenha havido também desmatamento.
Por isso, não chega a ser surpreendente que a derrubada de vegetação também venha crescendo ou, pelo menos, mantendo-se em patamares elevados no estado.
Nos últimos anos, o Amazonas sofreu uma maior devastação, superou Rondônia e se isolou como o terceiro estado com maior grau de desmatamento, segundo o sistema Prodes, do Inpe.
Mas o dado do Prodes que será divulgado nos próximos meses pode trazer uma nova mudança, com o Amazonas pulando para o segundo lugar no ranking de desmate, preveem cientistas. Até agora, esse posto pertence a Mato Grosso. Se isso ocorrer, o Amazonas só perderá a primeira posição para o também gigante vizinho Pará.
A ultrapassagem provável já foi apontada pelos dados do Deter (sistema do Inpe destinado a dar alertas de desmate e auxiliar na fiscalização ambiental) referentes ao período entre agosto de 2020 e julho de 2021.
“O Amazonas me assusta mais por ter uma área muito grande de terra pública que está ali, ao léu, sem governança”, diz Ane Alencar, diretora de ciência do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia). “É o coração da Amazônia.”
Segundo os especialistas ouvidos pela Folha, o potencial de perdas no estado é enorme.
“É uma área pouco ocupada, e há o medo de que seja invadida e perdida para grileiros”, afirma Alencar.
Lentini, aponta a baixa quantidade de pesquisas científicas desenvolvidas no estado e, consequentemente, a biodiversidade local que nem sequer é conhecida.
“Ali tem um estoque de vegetação florestal que não tem nos outros estados”, afirma Antônio Fonseca, pesquisador do Imazon. “Preocupa porque está adentrando o maior remanescente florestal da Amazônia legal.”
Os principais pontos de desmate no Amazonas ainda estão concentrados ao sul do estado, próximos a Mato Grosso, Rondônia e Acre, em regiões com forte presença de atividade madeireira.
Leia a matéria completa na Folha de S. Paulo
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